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Acre

Bolívia: estudantes brasileiros vivem uma ‘via crucis’ para concluir o curso de medicina

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Muitos estudantes brasileiros passam grandes necessidades na Bolívia. Alguns chegam até a passar fome.

Doctors Seek Higher Fees From Health InsurersDa Agência ContilNet

Atraídos pela promessa de mensalidade barata, fugindo das dificuldades que é passar em um vestibular de uma universidade federal e sem condições de pagar as mensalidades de uma faculdade particular no Brasil, milhares de estudantes brasileiros, entre eles muitos acreanos, mudam-se para a Bolívia e iniciam uma verdadeira via crucis até culminar com a formatura em Medicina para em seguida iniciar a segunda etapa da batalha, a luta pela revalidação do diploma.

Entre os grandes problemas enfrentados pelos estudantes está a dificuldade em receber o dinheiro enviado por seus pais ou outros parentes, através da rede bancaria ou transferência, desrespeito a taxas de câmbios e recebimentos através do serviço oferecido pela Western Union, uma empresa multinacional que oferece vários serviços, entre eles a transferência de dinheiro de pessoa para pessoa, ordens de pagamento e serviços comerciais.

A empresa tem parceria com o Banco do Brasil, instituição que nos últimos meses se tornou alvo de críticas de estudantes brasileiros pelas dificuldades que eles enfrentam para retirada de dinheiro no exterior.

A agência do Banco do Brasil em Santa Cruz de la Sierra, por exemplo, foi fechada para atendimento aos brasileiros há cerca de dois meses, o que dificultou ainda mais a vida dos estudantes que moram naquele país. As taxas cobradas por cada saque nos caixas eletrônicos do BB, que ainda estão abertos, é um absurdo, diz uma estudante.

Brasileiros na fila para sacar dinheiro nos caixas eletrônicos/Foto: Neticina

Brasileiros na fila para sacar dinheiro nos caixas eletrônicos/Foto: Neticina

Abusos e extorsões

Os estudantes também denunciam abusos, extorsões e até ameaças por parte de bolivianos. É o alto preço cobrado por uma formação que em tese sairia barato pela baixa mensalidade cobrada pelas universidades bolivianas. Estima-se que 25 mil estudantes brasileiros estudem atualmente na Bolívia, boa parte deles são do Acre e Mato Grosso, mas há alunos de quase todo o País.

Apesar dos inúmeros acordos selados entre a embaixada do Brasil e da Bolívia com a intenção de facilitar a vida dos estudantes brasileiros naquele país, as dificuldades continuam existindo e tirando o sono e a tranquilidade de muita gente.

A jornalista Wania Pinheiro, mãe de um estudante que está na Bolívia buscando graduação, afirma que considera um desrespeito a forma como os estudantes são tratados e todas as dificuldades que envolvem a formação dos alunos. Ela diz que em Rio Branco há poucas casas de câmbio, que as filas são quilométricas e as condições de atendimento precárias.

“Estou a manhã inteira tentando transferir dinheiro para meu filho pelo Western Union aqui no shopping Daniele, mas apenas um caixa funciona, o ar condicionado está quebrado e a demora é imensa. Antes eu enviava o dinheiro pelo Banco do Brasil, mas com a taxa cobrada atualmente por esta instituição, não vem sendo possível fazer a transferência da minha conta para a dele. Um desrespeito com todos nós”, declarou.

Outra mãe que não quis se identificar afirmou que os valores de câmbio não são respeitados e que boa parte do pouco dinheiro que consegue enviar ao filho fica retido na transação bancária. “Entre taxas e outras coisas a gente perde R$ 300 reais de cada R$ 1 mil que manda. Muito difícil”, relatou.

Outra mãe de estudante, Nice Vieira, conta que não aguentará mais manter a filha estudando na Bolívia e lamenta que tenha que perder toda a grade já estudada. “Não tem mais condições, estamos todos no nosso limite. Não tem dinheiro. Os problemas se multiplicam, cada hora é uma coisa e o governo brasileiro não liga. O jeito é desistir mesmo perdendo o tempo que estudou”, declara.

Queixa semelhante sobre a taxas de câmbio foram feitos no ano passado por uma estudante da Udabol, em Santa Cruz de La Sierra, Luciana Disconzi. Ela usou o Facebook para cobrar do Banco do Brasil uma resposta sobre o suposto desrespeito às taxas de câmbio.

“E aqui o Banco do Brasil que nos atende não respeita os valores do câmbio nem para dólar, nem para peso boliviano. Quem responde por esse banco que nos atende aqui? Quem responde pelo dinheiro a mais que eles nos cobram alterando o câmbio para favorecê-los?”, escreveu, dirigindo o questionamento a fanpage corporativa da instituição bancária.

Aviso sobre saques nos caixas eletrônicos

Aviso sobre saques nos caixas eletrônicos

A resposta do Banco do Brasil sobre o suposto desrespeito as taxas de câmbio aplicadas aos estudantes brasileiros na Bolívia veio rápida, porém não convincente.

“Olá Luciana! Esclarecemos que a taxa de câmbio praticada na Bolívia resulta da variação de preço de 3 moedas distintas (Real, Dólar e Bolivianos) e de mercados distintos (Brasil, Estados Unidos e Bolívia). As operações que envolvem o câmbio do Real para o Boliviano podem variar de um banco a outro, de acordo com os bancos intermediários das operações ou mesmo em função do dia e hora que as operações se concretizam. Informamos que o BB tanto no Brasil como no exterior, realiza monitoramento de mercado sempre balizando suas taxas às taxas praticadas pelos seus pares. Ressaltamos que o BB é o único banco brasileiro a prestar serviço na Bolívia, realizando atendimento, inclusive em português através de duas agências no País, La Paz e Santa Cruz de la Sierra”, afirmou.

Os deputados federais Gladson Cameli (PP) e Perpetua Almeida (PCdoB) realizaram diversas reuniões com os referidos estudantes, colheram demandas e realizaram reuniões, inclusive com a embaixada Boliviana. Em julho deste ano, Cameli esteve na Bolívia participando de reuniões com estudantes e criticou o programa Mais Médicos, que segundo ele vem dando amplo apoio a médicos formados em Cuba e esquecendo os brasileiros formados em outras nações.

De acordo com dados da embaixada brasileira divulgados em março deste ano, o número de estudantes brasileiros na Bolívia chega a 25 mil, o que equivale a 23% dos estudantes de medicina matriculados no Brasil no ano passado, 110.804, segundo censo do Ministério da Educação. O número de brasileiros estudando medicina na Bolívia é ainda 16 vezes maior que dos que os colegas que cursam na Universidade de São Paulo (USP).

Entrada principal da Ucebol, em Santa Cru de la Sierra

Entrada principal da Ucebol, em Santa Cru de la Sierra

A realidade

Muitos estudantes brasileiros passam grandes necessidades na Bolívia. Alguns chegam até a passar fome. Eles vão estudar naquele país acreditando que poderiam pagar suas despesas com pouco dinheiro, mas logo percebem que em uma cidade como Santa Cruz de la Sierra, por exemplo, o custo de vida não é diferente de grandes centros turísticos do planeta.

Os preços na Bolívia são reajustados conforme os humores do dólar, e quando esta moeda sobe, tudo encarece, o que reflete principalmente nos estudantes brasileiros.
Morar bem em Santa Cruz custa muito caro. O valor do aluguel em um bom apartamento não sai por menos de R$ 1.500,00. Com este dinheiro, muitos estudantes têm que pagar a mensalidade da escola, comer e pagar pelo lugar onde mora.

“Existem outros lugares mais baratos, só que muitos não têm segurança, por isso muitos estudantes abrem mão até de comer bem para morar em um lugar mais seguro”, diz uma jovem que cursa medicina em Santa Cruz.

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Acre

Prefeito de Rio Branco prorroga decreto de emergência após Rio Acre atingir 15,37 metros

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Tião Bocalom mantém estado de calamidade por mais um ano em resposta à maior cheia do rio em quase duas décadas; medida reforça ações de socorro e proteção às famílias afetadas

O Executivo de Rio Branco prorrogou nesta segunda (29/12), por mais um ano, o estado de emergência diante da nova cheia do Rio Acre, que já alcança cerca de 20 mil moradores na capital e em comunidades rurais. Foto: captada 

O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, prorrogou por mais um ano o decreto de emergência na capital após o Rio Acre atingir a marca histórica de 15,37 metros. A medida foi tomada diante da cheia severa que já alagou dezenas de bairros e deslocou centenas de famílias, o estado de emergência diante da nova cheia do Rio Acre, que já alcança cerca de 20 mil moradores na capital e em comunidades rurais.

Em coletiva de imprensa, o prefeito Tião Bocalom (PL) disse que a medida é necessária para garantir socorro imediato. “Vamos ampliar as ações de saúde e assistência às pessoas atingidas”, disse.

O boletim oficial registra 364 pessoas atendidas em abrigos improvisados nas escolas Anice Dib Jatene, Álvaro Vieira, Maria Lúcia Moura Marin, Georgete Eluan Kalume e Maria Gouveia Viana, além do Centro de Cultura Mestre Caboquinho. Alguns desses locais já não comportam novos desabrigados. Para ampliar a capacidade, o Executivo iniciou a construção de 60 unidades no Parque de Exposições Wildy Viana.

Ao meio-dia, o Rio Acre atingiu 15,37 metros. O coordenador da Defesa Civil, tenente-coronel Cláudio Falcão, descreveu o cenário como inédito para dezembro. “Em 55 anos de monitoramento, só vimos algo parecido em 1975. Agora já é a sexta enchente consecutiva”, afirmou. Ele advertiu para os próximos meses: “Janeiro, fevereiro e março são muito perigosos. Pode ser que, pela primeira vez, tenhamos um transbordamento duplo”.

Sem previsão de chuvas até terça (30/12), Falcão alertou que elas devem retornar já na virada do ano (31/12). “A tendência é que o volume volte a subir, e precisamos estar preparados”, explicou. O militar também relatou desmoronamentos em 12 pontos da cidade e mencionou riscos na estrutura do Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb), como a possibilidade de rompimento da adutora e de balseiros atingirem as bombas, o que poderia comprometer a captação e o abastecimento.

No bairro Papouco, o desbarrancamento às margens do rio trouxe de volta a crise. O secretário de Assistência Social, João Marcos Luz, chamou o episódio de tragédia anunciada. “Não dá para continuar do jeito que está. Precisamos mudar a vida dessas famílias”, afirmou, retomando a justificativa para a retirada das famílias anunciada meses atrás.

A Defesa Civil mantém vigilância constante e reforça que o telefone 193 está disponível para emergências.

A prorrogação do decreto permite a manutenção e o reforço de ações emergenciais, como o atendimento às famílias desabrigadas, o monitoramento hidrológico em tempo real e a articulação direta com a Defesa Civil estadual e o governo federal. O nível do rio, que superou a cota de transbordamento (14 metros) no último sábado (27), continua sendo acompanhado de perto, com previsão de novas chuvas nos próximas dias.

Com André Gonzaga

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Acre

Rio Acre segue em elevação e permanece acima da cota de transbordo em Rio Branco

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Boletim da Defesa Civil aponta nível de 15,37 metros ao meio-dia desta segunda-feira

Foto: Jardy Lopes

A Defesa Civil Municipal de Rio Branco divulgou, nesta segunda-feira (29), um novo boletim informando que o nível do Rio Acre permanece acima da cota de transbordo na capital acreana, mantendo o cenário de atenção máxima.

De acordo com as medições oficiais, às 5h21 o rio marcava 15,32 metros. Às 9h, o nível subiu para 15,36 metros, atingindo 15,37 metros ao meio-dia, confirmando a tendência de elevação ao longo do dia.

Apesar de não haver registro de chuvas nas últimas 24 horas em Rio Branco, com índice pluviométrico de 0,00 milímetro, o manancial segue significativamente acima da cota de alerta, fixada em 13,50 metros, e da cota de transbordo, estabelecida em 14,00 metros. O boletim foi assinado pelo coordenador municipal da Defesa Civil, Cláudio Falcão.

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Acre

Governo supera meta com 21 mil toneladas de massa asfáltica aplicadas

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Foto: Ascom/Deracre

O governo do Acre, por meio do Departamento de Estradas de Rodagem, Infraestrutura Hidroviária e Aeroportuária do Acre (Deracre), viabilizou a aplicação de cerca de 21 mil toneladas de massa asfáltica ao longo de 2025, como parte das ações da Operação Verão, contemplando os 22 municípios acreanos.

A presidente do Deracre, Sula Ximenes, afirmou que a ampliação do volume aplicado reflete a capacidade operacional do órgão durante o período de estiagem.

“Saímos de uma previsão de pouco mais de 5 mil toneladas e alcançamos cerca de 21 mil toneladas de massa asfáltica aplicadas, com apoio dos municípios e presença em todo o estado”, afirmou.

Foto: Ascom/Deracre

A operação começou a ser planejada ainda durante o período de chuvas, com aproximadamente cinco meses de organização técnica. A Operação Verão 2025, mobilizou de cerca de 1.500 trabalhadores e 700 máquinas, sendo 350 do próprio Deracre, com atuação simultânea em todas as regiões do estado.

O plano de trabalho previa, entre outras ações, o fornecimento de massa asfáltica a 11 municípios, com uma distribuição inicial estimada de 5 mil toneladas, destinada à recuperação de vias urbanas e à retomada de obras interrompidas durante o inverno amazônico. Com a execução da operação ao longo do ano, os resultados superaram a previsão inicial.

O apoio direto do Estado aos municípios somou R$ 34,6 milhões, possibilitando a aplicação de mais de 21 mil toneladas de massa asfáltica em serviços de pavimentação. As ações foram executadas em parceria com as prefeituras, com cessão de máquinas, equipes técnicas e suporte operacional do Deracre, garantindo atendimento aos 22 municípios.

Foto: Ascom/Deracre

Os dados sobre a aplicação de massa asfáltica integram o Relatório Anual de Gestão 2025, que aponta ainda a movimentação de R$ 664,8 milhões em obras de infraestrutura, com nove obras entregues e 105 frentes de serviço ativas executadas pelo Deracre em todo o Acre.

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