fbpx
Conecte-se conosco

Brasil

Ameaçada de extinção por fungo, a banana pode sumir do planeta

Plantada em 130 países, a fruta pode desaparecer do mapa por culpa de um fungo e da monocultura

Publicado

em

Parece fake news, mas procede: a banana pode acabar. Ameaçada de extinção, a banana pode se tornar o dinossauro, o pássaro dodô das frutas. Inimaginável, sem dúvida. Mas é isso o que a ecologista Jackie Turner pretende alertar no documentário Bananageddon, ainda em gestação e para o português traduzível por Bananapocalipse. Ms. Turner foi estudar ictiologia na Costa Rica, encantou-se de cara com a história e a cultura da banana e tirou os peixes de seu currículo, investindo quatro anos na fruta mais famosa e consumida do mundo. Plantada em 130 países, é o alimento mais cultivado pelo homem depois do arroz, o trigo e o milho, apesar de só vingar em climas tropicais.

Culpa do fusário, fungo fatal que na década de 1950 infectou rapidamente plantações inteiras, provocando um colapso global no comércio bananeiro. E da monocultura. Existem muitas variedades de bananas, mas as companhias que a comercializavam investiram numa só espécie.

Sem diversidade genética, mutações e variações, pois são estéreis e clonadas, as bananas, sobretudo porque cultivadas em blocos homogêneos de terra, como se fossem gigantescas fábricas vegetais ao ar livre, contaminam-se com enorme facilidade. E foi assim que a Gros Michel, a espécie dizimada, cedeu lugar a Cavendish, supostamente mais resistente. Cultivada do mesmo jeito, ela enfrenta agora uma variação da parasita anterior, a TR4 (Tropical Race 4), altamente contagiosa e com estragos registrados na Austrália, Equador e Costa Rica. E tome agrotóxicos.

Não consigo imaginar o mundo – a humanidade – sem a banana. Não tanto pela perda de seus nutrientes (contém 11 vitaminas) e pela importância econômica (preocupação para o império bananeiro da família Cutrale, brasileira de Araraquara, para a hoje suíça Chiquita e a americana Dole), mas por sua contribuição à gastronomia e à cultura.

Sem caroço ou semente, simples de descascar, um prodígio de design, a banana é de uma versatilidade inexcedível: in natura ou processada, cozida, assada, frita, amassada, doce ou salgada, com ou sem complemento, de qualquer jeito é uma delícia. Sua riqueza semântica só tem, no pomar, um rival, o abacaxi. Além de agro e pop, banana é sinônimo de covarde, preço baixo, situação embaraçosa (bananosa), sem contar o ofensivo gesto também conhecido como “manguito”.

O que seria de Carmen Miranda e Josephine Baker sem a banana? E da música popular? Nos mais variados ritmos. Ela inspirou um hit americano (Yes! We Have No Bananas), uma triunfalista réplica brasileira (Yes, Nós Temos Bananas), uma marchinha carnavalesca (Chiquita Bacana), um calipso de Harry Belafonte (Banana Boat), um rock (Banana Split) e um samba-rock (Vendedor de Bananas, de Jorge Ben Jor). Os mais gananciosos, inescrupulosos e cruéis aventureiros a exploraram e disseminaram mundo afora, contou o jornalista Dan Koeppel em Bananas – The Fate of the Fruit That Changed the World, misto de reportagem e ensaio sobre os caminhos trilhados pela fruta e os desvios históricos que ajudou a precipitar. “A banana é o yin e o yang do sangue e da cultura dos Estados Unidos”, sintetizou Koeppel após investigar os estragos no continente latino-americano causados pela United Fruit.

Foi com esse nome que a multinacional norte-americana (rebatizada Chiquita em 1970) bananizou Honduras, Guatemala, Costa Rica, Panamá, Colômbia e Equador. Naquela base: explorando mão de obra barata, burlando o fisco, corrompendo civis e militares, ajudando a fraudar eleições, financiando assassinatos, golpes de estado e ditaduras – com a indispensável ajuda da CIA.

Mas antes de a CIA, a bananização do mal já era um fato no Caribe até do outro lado do planeta. Theodore Roosevelt invadiu e ocupou Cuba e as Filipinas na virada do século 20. Em 1911, os “soldados das bananas” depuseram o presidente de Honduras. Em 1928, milhares de camponeses colombianos empregados em terras da United Fruit entraram em greve e foram fuzilados em praça pública. Em 1954, foi a vez de o presidente da Guatemala, Jacobo Arbenz Guzman, ser derrubado, pela “ousadia” de forçar os gringos a revenderem suas terras improdutivas ao governo, que pretendia redistribuí-las à população rural mais pobre.

Esses e outros horripilantes episódios patrocinados pelos barões da banana aparecem num capítulo de Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez, e no romance La Casa Grande, do também colombiano Alvaro Sepeda Samudio. Ao longo da década de 1950, o guatemalteco Miguel Angel Asturias publicou uma trilogia (Vento Forte, O Papa Verde, Os Olhos dos Enterrados) tendo como pano de fundo o processo de pilhagem da América Latina pela United Fruit. A Banana Company de Macondo lá instala o caos e a violência, muda até os padrões de chuva, acelera o ciclo das colheitas, transfere um rio do lugar, contrata assassinos com machetes para dominar a cidade. “Quando, enfim, foi embora, a cidade estava em ruínas”, arremata Gabo. Ou seja, numa autêntica bananosa, como cidades reais do império que hoje, em novas mãos, nem ajudado pela CIA talvez consiga derrotar seu mais poderoso inimigo: o TR4, um fungo com a mesma sigla de um tribunal regional.

Comentários

Continue lendo

Brasil

Operação Escudo: PMs viram réus acusados de matar homem desarmado

Publicado

em

Por

Policiais da Rota durante Operação Escudo
Reprodução/Polícia Militar do Estado de São Paulo

Policiais da Rota durante Operação Escudo

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) aceitou, nesta quarta-feira (24), a denúncia do Ministério Público (MP) contra dois da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) , a tropa de elite da PM paulista. Ambos se tornaram réus por matar um homem desarmado, em 29 de julho de 2023, durante a Operação Escudo , realizada no Guarujá, em São Paulo.

A denúncia afirma que os policiais Rafael Perestrelo Trogillo e Rubem Pinto Santos teriam matado Jefferson Ramos Diogo, de 34 anos, com quatro tiros que atingiram queixo, costas, perna esquerda e braço direito, em uma favela localizada na rua Quatro.

Além disso, os dois agentes da Rota são acusados de plantar uma pistola no local do assassinato. Segundo o depoimento dos policiais, o homem teria apontado uma arma aos policiais após avistar a viatura em que estavam. Depois disso, eles teriam disparado oito tiros de fuzil contra a vítima.

No Boletim de Ocorrência, ambos afirmaram que Jefferson não conseguiu reagir. Porém, o B.O foi atualizado, contendo a informação “troca de tiros”. Com as versões conflitantes, o MP decidiu denunciar os agentes.

Esta não é a primeira vez que agentes da Operação Escudo viram réus. Em dezembro, dois policiais foram denunciados por um duplo homicídio no Guarujá .

Quer ficar por dentro das principais notícias do dia? Clique aqui e faça parte do nosso canal no WhatsApp

Fonte: Nacional

Comentários

Continue lendo

Brasil

Radioagência Nacional vence Prêmio de Jornalismo do Poder Judiciário

Publicado

em

Por

A série de reportagens Declaração Universal dos Direitos Humanos, da Radioagência Nacional, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), foi a vencedora na categoria jornalismo de áudio no eixo 3 do I Prêmio Nacional de Jornalismo do Poder Judiciário – 35 anos da Constituição Cidadã. A premiação foi entregue nesta quarta-feira (24), no Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília.

De autoria de Eliane Pereira Gonçalves e equipe, a série aborda os 75 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, completados em 2023, e como está sendo aplicada. O prêmio é dividido em cinco eixos, relacionados a diferentes tribunais superiores. O trabalho da Radioagência Nacional foi premiado no eixo 3, do Superior Tribunal de Justiça. 

Na cerimônia, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, destacou o importante papel dos veículos de comunicação no combate à desinformação, aos discursos de ódio e teorias conspiratórias. “Nós nunca precisamos tanto da imprensa como nós estamos precisando agora”, disse. 

A EBC foi finalista em outras categorias, com quatro episódios do programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, e um especial da Rádio Nacional de Brasília.

Ao todo, foram 261 trabalhos inscritos nas categorias disponíveis. As comissões julgadoras, constituídas pelos tribunais, foram compostas por ministros, juristas especializados e profissionais da imprensa. 

O prêmio é uma ação conjunta do Supremo Tribunal Federal (STF), do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), do Superior Tribunal de Justiça (STJ), do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e do Superior Tribunal Militar (STM) para celebrar o 35º aniversário da Constituição Federal de 1988 (comemorado em 5 de outubro do ano passado) e promover uma reflexão sobre os direitos que ela assegurou.

Fonte: EBC GERAL

Comentários

Continue lendo

Brasil

A cada 8 minutos há um registro de estupro contra mulheres no país

Publicado

em

Por

Em 2022, foram registradas 67.626 ocorrências de estupros em mulheres no Brasil. “Isso equivale a, aproximadamente, um estupro a cada 8 minutos no país”, descreve a edição deste ano do Relatório Anual Socioeconômico da Mulher (Raseam), lançado hoje (24), em Brasília, pelo Ministério das Mulheres.

Conforme o documento, o Sudeste, região mais populosa do país, teve o maior número de ocorrências de estupro, somando 22.917 casos. Em seguida, ficou a região Sul, com 14.812 ocorrências. No Nordeste, foram registrados 14.165 estupros; no Norte, 8.060 casos; e no Centro-Oeste, 7.672 episódios desse tipo de violência.

O Raseam faz a compilação de estatísticas de pesquisas e registros administrativos de diferentes fontes. Os dados sobre estupro das mulheres, por exemplo, são do Ministério da Justiça e Segurança Pública. O relatório também utiliza de informações produzidas do Ministério da Saúde, dos Esportes, da Justiça Eleitoral, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e (Instituto Brasileiro de Geografia e EstatísticaI (BGE).

Os dados de diferentes fontes podem ter complementariedade. Sobre o estupro, a Pesquisa Nacional de Amostra Domiciliar Contínua, do IBGE, sugere que a alta ocorrência dessa forma de violência contra as mulheres está refletida na percepção de risco. Uma em cada cinco mulheres entrevistadas em 2021 relatou sentir “risco médio ou alto de ser vítima de agressão sexual.”

O relatório assinala que “a violência contra as mulheres é uma instituição social, que funciona como um mecanismo mantenedor de relações sociais de dominação e exploração.” Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde, contabilizados nos atendimentos ambulatoriais e hospitalares, somaram 344.242 registros de violência sexual, doméstica e outras formas de violência. Sete de cada dez desses episódios ocorreram contra as mulheres.

Agressão

As estatísticas da Saúde ainda revelam que o principal local de agressão contra mulheres adultas, de 20 a 59 anos de idade, naquele ano foi a própria residência: 73% dos episódios, contra 14,5% de ocorrências em vias públicas e 3,2% em bares e restaurantes.

Quanto à situação conjugal, 44,7% das mulheres vítimas de violência na mesma faixa etária eram solteiras; 42,4% estavam casadas; e 10,6% eram solteiras. Os homens foram “os principais agressores de mulheres” nos registros do Sinan. “No ano de 2022, em 77,2% dos casos registrados, os agressores eram do sexo masculino”, revela o documento.

Mulheres negras 

O Censo Populacional de 2022 verificou que o maior grupo do Brasil, cruzando cor e gênero, é composto por mulheres negras (pardas e pretas), 54,5%. Elas também formam o grupo mais exposto à violência sexual, doméstica e outras formas de violência. Dados da Saúde mostram que, naquele ano, 47,9% das vítimas eram negras e 11,9% eram pretas – um total de 59,8%. Mais de 38% das mulheres agredidas eram brancas e quase 1% delas eram indígenas.

A taxa de mortalidade por assassinato de mulheres em 2022 foi de 3,2 casos por cem mil habitantes. O grupo etário mais exposto a homicídio são mulheres jovens, de 20 a 24 anos – 6,4 mortes por cem mil habitantes. De acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade (Ministério da Saúde), 66,7% das vítimas eram negras – 60,3%, pardas; e 6,4% pretas. O total registrado das mulheres negras foi mais que o dobro das brancas: 32%.

O Relatório Anual Socioeconômico da Mulher traz 270 indicadores em sete eixos temáticos. Além dos dados relativos ao eixo temático “enfrentamento de todas as formas de violência contra as mulheres”, o estudo mostra que as mulheres negras enfrentam condições mais adversas que as mulheres brancas e os homens de todas as cores em outras situações, como por exemplo no mercado de trabalho.

Força de trabalho feminina 

Quase 54% das mulheres e meninas brancas (14 anos ou mais) participavam do mercado de trabalho em 2022, e entre as mulheres pretas ou pardas a taxa era de 51,3% (dados da Pnad Contínua). A taxa de participação da força de trabalho feminina foi de 52,5%, enquanto a dos homens foi de 71,9%.

A taxa de informalidade foi maior entre mulheres e meninas pretas ou pardas: 42,8% contra 32,6% das mulheres e meninas pretas ou pardas. Como consequência, o rendimento do trabalho também revela discrepâncias, conforme o relatório do Ministério das Mulheres.

“Mesmo quando as mulheres estão ocupadas no mercado de trabalho, as desigualdades aparecem em sua menor remuneração. O rendimento-hora médio das mulheres era de R$ 16 no segundo trimestre de 2022, abaixo do estimado para os homens, de R$ 18. Homens brancos ganhavam em média R$ 23 por hora, e as mulheres brancas, R$ 19. Na comparação entre homens e mulheres de cor preta ou parda, a diferença era um pouco menor, R$ 2 por hora em média.”

A Lei 14.611/2023, estabelece que “a igualdade salarial e de critérios remuneratórios entre mulheres e homens para a realização de trabalho de igual valor ou no exercício da mesma função é obrigatória.” A norma prevê que na hipótese de discriminação por motivo de sexo e raça – assim como etnia, origem ou idade – caberá o pagamento das diferenças salariais devidas à pessoa discriminada, além de indenização por danos morais.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo (CNC) ingressaram com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) contra a Lei 14.611/2023.

Para a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, presente ao lançamento do relatório, buscar a igualdade entre homens e mulheres faz parte do “processo civilizatório.”Se queremos democracia em um país civilizado, nós precisamos ter democracia, nós precisamos ter igualdade e nós precisamos ter justiça social”, disse a ministra.

Fonte: EBC GERAL

Comentários

Continue lendo