Cotidiano
Aos 60 anos, trabalhador rural vai à sala de aula pela primeira vez para realizar sonho no Acre: ‘Quero ler a bíblia’
Alfredo Silva se matriculou no EJA, em Sena Madureira, interior do Acre, para aprender a ler e escrever. Evangélico, o trabalhador ouve a mulher Rosa Maria ler a bíblia para ele há 12 anos e sonha em conseguir ler sozinho.
Por Aline Nascimento
A falta de oportunidade, o trabalho na roça que começou aos 8 anos e a moradia dentro da mata impediram o trabalhador rural Alfredo Silva, de 60 anos, de realizar o maior sonho da vida: aprender a ler e escrever. Mas, em 2021, a vida dele está prestes a mudar. Silva se matriculou no Programa Educação de Jovens e Adultos (EJA) em Sena Madureira, interior do Acre, e vai começar a estudar pela primeira vez ainda este mês.
A matrícula foi feita com incentivo da esposa, Rosa Maria Silva, e pelo desejo que ele tem de conseguir a ler a bíblia. Silva e a família fazem parte de uma igreja evangélica há cerca de 12 anos. Pregador da palavra de Deus, o trabalhador espera a mulher, que é alfabetizada, ler o versículo bíblico para começar os ensinamentos.
“Nunca estudei, não tive oportunidade quando era criança, morava no seringal e quando apareceu escola no seringal já estava adulto e ficou difícil estudar. Tenho muita vontade de ler a palavra de Deus, o evangelho, prego há 12 anos e minha esposa que lê para mim. Quero ler a bíblia sozinho”, revelou o trabalhador.
A matrícula na Escola Raimundo Hermínio de Melo foi feita há cerca de duas semanas. Foi a mulher do trabalhador que perguntou se o marido podia estudar quando foi fazer transferência da filha de 7 anos. Silva aguarda a ligação da coordenação da escola com as orientações sobre o início das aulas. Ele ainda não sabe se as aulas vão ser presenciais ou remotas devido à pandemia.
“Nunca tinha entrado em uma escola, me matriculei agora. As aulas não começaram ainda, ficaram de ligar para avisar quando vai começar. Quero ler a palavra de Deus porque, para mim, só existe Jesus e mais nada. A esperança é só Jesus. Começando a ler é bom demais”, destacou.
A mulher matriculou o marido na mesma escola da filha, Francileia Vitória Diniz, de 7 anos. A menina já começou a estudar. A mãe vai na escola e pega o material para ela fazer os exercícios em casa. “Fui na escola me informar quando fiz a transferência da minha filha sobre ele. Quero que ele leia sozinho.”
Mudança
Silva se mudou para a zona urbana de Sena Madureira há dois meses. Ele morava no Seringal São Sebastião, no Rio Iaco, zona rural, com a mulher e um casal de filhos, uma menina de 7 anos e um menino de 6 meses.
O trabalhador contou que vendeu a propriedade que tinha e se mudou devido a problemas de saúde. Silva é aposentado por causa de problemas na coluna e há seis meses faz tratamento contra dois tipos de hepatites, B e Delta.
“Estou aposentado. Não aguento trabalhar porque estou em tratamento contra a hepatite B e Delta. Estou em tratamento há seis meses. Por isso também que mudei para a cidade, porque não aguento trabalhar no pesado, na colônia é trabalho no pesado”, acrescentou.
Silva sempre trabalhou na zona rural. Ele nasceu no Seringal Alto Purus, também na zona rural de Sena Madureira, onde morava com os pais e três irmãos. Antes de ele completar oito anos, os pais de do trabalhador rural se separaram e a mãe foi morar em um seringal do Rio Iaco.
Ele e um irmão foram junto com a mãe e o pai ficou com um casal de filhos. Sem acesso à escola, ele começou a trabalhar muito cedo para ajudar a mãe. “Desde criança nunca me acostumei com a miséria, queria ter a coisas e não conseguia. Fui ajudar minha mãe, sai de casa aos 23 anos quando casei pela primeira vez e fui ter minha família”, relembrou.
Foi no trabalho braçal e debaixo de sol que o aposentado criou os filhos, formou família e conseguiu comprar a propriedade onde morava. Aos 60 anos, ele vendeu tudo e teve que ir morar na cidade para realizar o sonho de estudar. “Estou ansioso, porque tudo sobre trabalho braçal aprendi um pouco, mas ler nunca aprendi”, comemorou.
Incentivo da esposa
Alfredo e Rosa estão juntos há 12 anos, mesmo período em que o trabalhador começou a frequentar a igreja. O casal fazia reuniões com membros da igreja na residência deles e Rosa começou a alimentar o desejo de ver o marido lendo.
“Incentivei ele a se matricular. Sempre incentivei a estudar para aprender. Tudo o que quer fazer me pergunta e sinto uma frustração porque é uma coisa que pode ter para ele, entender e saber melhor. É muito entendido e quero o melhor para ele”, falou Rosa.
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Seletiva do Judô no Jeb´s Sub-18 será realizada em Epitaciolândia
A Federação Acreana do Desporto Escolar (Fade) confirmou para Epitaciolândia, no dia 6 de abril, a Seletiva do Judô e o objetivo é definir os representantes acreanos na fase nacional dos Jogos Escolares Brasileiros (Jeb´s) Sub-18. O evento será promovido em Maceió, Alagoas.
“Queremos montar uma equipe com 16 alunos/atletas nos dois gêneros. Levar essa competição para Epitaciolândia também é simbólico por causa dos problemas com a enchente do rio Acre”, comentou o presidente da Fade, João Renato Jácome.
Data limite
As inscrições para disputa da competição são limitadas e poderão ser feitas até o dia 3 de abril no endereço www.fadeac.com.br
“Esse é mais um evento com financiamento da Confederação Brasileira de Desporto Escolar (CBDE) por meio do Programa de Apoio às federações”, explicou o dirigente.
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Diretoria do Independência vai tentar efeito suspensivo para o zagueiro Jean
A diretoria do Independência vai tentar um efeito suspensivo para o zagueiro Jean. O atleta foi expulso no jogo contra o Vasco e recebeu uma punição do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) de quatro partidas de suspensão.
“Vamos pedir o efeito suspensivo e o Jean estará em campo contra o Andirá no sábado (30). Estamos apresentando o recurso baseado na Lei Pelé”, explicou o advogado do Independência, Atevaldo Santana.
Representação contra o árbitro
Atevaldo Santana confirmou uma representação contra o árbitro da partida Independência e Vasco, Antônio Marivaldo.
“O árbitro relatou na súmula uma troca de agressões entre o Jean (Independência) e o Ker (Vasco). As imagens do jogo não mostram essas agressões, o que ocorre são empurrões naturais nas jogadas dentro da área. O árbitro tem obrigação de ser preciso nos seus relatórios”, afirmou o advogado.
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Atlético e Veneza ganham jogos e seguem invictos no Estadual
Atlético e Veneza venceram seus jogos nesta terça, 26, no ginásio Álvaro Dantas, pela fase de classificação do Campeonato Estadual de Futsal Feminino e se aproximaram das vagas para a segunda fase do torneio.
O Atlético bateu o Glória por 8 a 4 e o Veneza derrotou o Acre Esporte por 2 a 1.
Mais dois jogos
A primeira fase do Estadual de Futsal Feminino terá mais duas partidas na quinta, 28, a partir das 18h45, no Álvaro Dantas. Villa e Cidade do Povo disputam o primeiro confronto e na sequência a Assermurb joga contra o Borussia.