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“FIM DE UM SONHO” Discardoso encerra atividades no fim de janeiro; dono diz: “A internet e pirataria venceu”

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Loja completou 37 anos nesta sexta-feira (5) e estará com promoção “Leve 3, pague 1” até o fim do mês

Antes de facilidades como as compras pela internet, quando aquela vontade de comprar um novo CD batia, era na loja Discardoso que os moradores da Capital acreana iam conferir se o lançamento já havia chegado, ou se havia uma previsão, fazendo uma reserva e deixando seu contato para ser avisado.

Loja completa 37 anos nesta sexta-feira (5). Foto: Arquivo pessoal

Marcus José com G1/Contilnet

Da vontade de menino de seringal até a mais famosa e longa loja de discos de Rio Branco foi um longo percurso. A Discardoso, a mais antiga loja de CDs e DVDs da capital acreana, fez parte da história do cotidiano rio-branquense durante 37 anos.

Depois de todo esse tempo, no fim deste mês, o estabelecimento fecha as portas. O motivo? A concorrência desleal contra a pirataria e internet.

Fundada em 5 de janeiro de 1981, a loja comemora 37 anos de existência nesta sexta-feira (5). Com o passar dos anos, a Discardoso, localizada na Galeria Meta, se tornou um dos pontos mais conhecidos da população acreana. Mas após quase quatro décadas, a loja estará encerrando as atividades no fim deste mês.

Marciano Cardoso, 53 anos de idade, é natural de Xapuri e dono da Discardoso. Em relato à reportagem, ele afirmou que sempre foi apaixonado por música, e que isso o levou a investir na loja especializada (inicialmente) apenas em vinil.

Crise e mudanças na indústria fonográfica são alguns dos fatores que levaram ao fechamento. Foto: ContilNet

O principal motivo para o fechamento, de acordo com Marciano, é a pirataria e a mudança na indústria fonográfica, que aderiu fortemente aos formatos digitais e às plataformas de streaming.

Discardoso foi criada no início nos anos 80 e ficou em ação por mais de três décadas. Foto: Arquivo pessoal

“Nos últimos 4 anos, minha equipe e eu insistimos para tentar fazer com que a Discardoso continuasse aberta. Mas com o aumento da pirataria e outros fatores, incluindo a crise que o país vem enfrentando nos últimos anos, chegamos ao consenso de que é o momento de investir em outros negócios”, explicou Cardoso.

Além do sentido econômico, Marciano também destacou que a loja se tornou desde dos anos 80 um ponto de referência na capital, e que o fechamento é o “fim de um sonho”. “Nunca imaginei que o mercado fonográfico fosse estagnar dessa maneira. Creio que somos uma das últimas lojas realmente voltadas para a música a fechar no Brasil. Foi bom enquanto durou”, destacou.

Marciano Cardoso, dono da loja Discardoso. Foto: Arquivo pessoal

Até o fim de janeiro, a Discardoso estará com uma oferta especial para os clientes: na compra de 3 itens, você só paga o de valor mais alto. Ou seja, leva 3 e paga 1. No estoque, é possível verificar opções de CDs, DVDs, Blu-Rays, boxes de séries e novelas, e vários outros produtos.

Expansão da Discardoso

A expansão do negócio veio nas décadas de 80 e 90. Em 1983, a loja saiu da Estação e foi para o Centro, em um estabelecimento que já não existe mais. Em 1984, a Discardoso se instalou na Galeria Meta.

Foi entre o final dos anos 1980 que o ramo foi expandindo em Rio Branco. Cardoso chegou a ter cinco lojas. Eram duas na Galeria Meta, uma na Epaminondas Jácome, outra no Bosque e um pequeno ponto na Praça da Bandeira. Segundo ele, esse período foi ápice dos LPs.

Com a chegada dos CDs no mercado brasileiro, em 1990, o empresário resolveu fazer uma aposta. Ele foi até Manaus, no Amazonas, e comprou alguns toca discos e muitos CDs.

Ele conta que parou com a venda dos discos de vinil e em 1991 já não tinha nenhum deles nas lojas. O criador da Discardoso afirma que os novos produtos geraram um fascínio nas pessoas que moravam na cidade.

“Fizemos uma promoção dos vinis e vendemos tudo para começar com os CDs. Mesmo sem ter o aparelho para ouvir, muitas pessoas iam na loja nessa época para comprar os discos. O produto foi muito bem aceito na cidade, era muito atraente para as pessoas. Quando o CD chegou por aqui, houve um ‘boom’. Vendíamos muito mesmo. Criei até alguns mecanismos para fidelizar os clientes”, explica Cardoso.

Ele lembra que uma das formas de fidelizar a clientela eram os tíquetes. As pessoas que compravam um CD ganhavam um ticket. Ao ter 10 bilhetes, o cliente podia escolher um CD sem pagar nada por ele.

O empreendedor afirma que os concorrentes também usaram a ideia, mas que a concorrência sempre foi honesta e saudável, o que levou ele até outras lojas do segmento.

“Se o cliente tivesse 10 tickets e cinco fossem da minha loja e o restante das concorrentes, mesmo assim eu trocava eles pelo CD. Era uma forma de conquistar e fidelizar as pessoas. Mas, quando eu juntava os 10 tickets das concorrentes, ia nas outras lojas buscar um disco. Fazer isso não tinha problema nenhum. Os proprietários me achavam astuto por causa dessa sacada”, lembra rindo Cardoso.

Loja funciona no Centro de Rio Branco desde 1981 (Foto: Luan Cesar/G1 )

Ajuda e visitas ilustres

Marciano Cardoso conta ainda que a Discardoso não fez parte somente da vida dos clientes. Segundo ele, a loja serviu de vitrine para muitos músicos acreanos divulgarem seus trabalhos. A ajuda, para o empreendedor, sempre foi uma forma de valorizar os trabalhos produzidos no estado e de levar o nome da música acreana para todos os lugares possíveis.

“Toda a moçada da música sempre está por aqui, tanto da velha guarda quanto essa meninada nova. A gente conhece todo mundo e sempre manteve um bom contato. O artista gravava um CD, colocava aqui na loja e estampávamos na vitrine. Fiz isso com o Da Costa, Auricélio Guedes, Geraldo Leite, meu próprio irmão Jorge Cardoso entre outros”, explica o empresário.

Ele afirma ainda que fez o mesmo com a geração mais jovem, como as bandas Los Porongas e Descordantes. O dono da Discardoso conta ainda que recebeu algumas visitas. Algumas delas foram muito ilustres e inimagináveis.

Ele conheceu e conversou com muitos artistas nacionais da sua época dentro da Discardoso. Para ele, a cada nova vista ilustre, uma emoção diferente.

Marciano Cardoso relatou que Amado Batista foi uma das visitas ilustre à Discardoso, entre outros artistas de peso da musica Brasileira (Foto: ilustrativa)

“Em duas ocasiões o João Donato veio aqui na loja. Um amigo meu, que é muito íntimo dele, que trouxe nas duas vezes. Uma vez ele ficou chateado comigo porque não fui para um show dele, sempre ficava muito feliz em encontrar o acervo dele aqui. Amado Batista, Carlos Alexandre, Carlos Freire, Fernando Mendes, Genival Santos e José Augusto também já passaram por aqui”, conta Cardoso orgulhoso.

França e Cardoso conversam sobre trajetória da loja (Foto: Luan Cesar/G1)

Concorrência desleal e mudança

Foi entre os anos de 1995 e 1996 que Marciano Cardoso começou a enfrentar seus primeiros de muitos problemas que viriam depois. Nesse período, ele relata que começaram a surgir os primeiros CDs piratas em Rio Branco.

Conforme os produtos falsificados foram se tornando populares e acessíveis, as vendas na Discardoso começaram a cair. Desde então, surgiram as dificuldades.

Com a pirataria espalhada e a queda nas vendas, o empresário se viu obrigado a fechar as quatro filiais e ficar somente com a loja matriz no final dos anos 1990 e início dos 2000.

Apesar das vendas nunca mais terem sido como foram até 1996, a Discardoso foi resistindo ao tempo e as mudanças na forma de se consumir música. Mas, a força e praticidade da internet não foram superadas.

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Cardoso, dono do empreendimento alega que concorrência contra a pirataria e internet não permitem mais continuidade do negócio

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“Meu primeiro e único concorrente desonesto foi a pirataria, que bateu muito forte. Agora, por último, veio a internet. Com essa facilidade de baixar música e ver tudo de forma gratuita, a situação piorou ainda mais. Desde a época da pirataria já pensava em fechar a loja, mas resisti. Porém, nos últimos quatro anos eu teimei em manter a loja aberta e os prejuízos começaram a ficar muito grandes”, diz o empresário. 

Cardoso afirma que em 2017 teve um prejuízo de quase R$ 100 mil. Sem ter como arcar com sucessivos prejuízos, em setembro do ano passado ele decidiu encerrar as atividades da Discardoso.

“Meu primeiro e único concorrente desonesto foi a pirataria, que bateu muito forte. Agora, por último, veio a internet”, disse Cardoso (Foto: internet)

“Assim não tem como manter. A gente precisa pagar impostos, aluguel, luz e várias outras coisas. Mantivemos todo esse período aberto porque temos outros rendimentos, mas agora não dá mais”, lamenta.

Ele reflete que mesmo sendo seu sonho, a realidade bateu à porta. “Resolvi parar. Passei muitos anos preparando meu psicológico para isso. Paramos de comprar CD e agora vamos somente liquidar o estoque. Até o fim deste mês vamos estar em promoção. Quem comprar três CD’S vai pagar somente um. Quem vier nesses últimos dias vai encontrar muita coisa”, finaliza Marciano Cardoso.

Saudades

E a partir do fim deste mês quem costumou frequentar a Discardoso por muitos anos, não vai mais encontrar a loja no lugar de sempre. Simone de Freitas, gestora de políticas públicas do Corpo de Bombeiros, foi até a Discardoso para aproveitar a promoção.

Cliente desde a infância, ela declara que a loja vai deixar saudades, principalmente para quem cresceu comprando e ouvindo CDs.

“Muitas vezes encontrei presentes para mim e para outras pessoas aqui. Na época em que namorava meu atual esposo, comprei CDs da Discardoso para presenteá-lo. Para mim foi uma surpresa a loja fechar. A venda do CD e qualidade da música nele é muito melhor, é algo cultural. Essa nova geração não tem esse apego por CD”, conta.

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Há quase 40 anos no mercado, loja Discardoso vem perdendo para internet e vai fechar as portas no AC: ‘não dá mais’, diz dono

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O aposentado Luiz Enedino de França, de 73 anos, diz que sempre foi cliente da loja. Apesar de morar no quilômetro 87 da Estrada de Boca do Acre, ele foi até a Discardoso para comprar CDs de música gospel.

O aposentado conta que toda vez que vem a Rio Branco passa na Discardoso para conferir as novidades. O idoso também ficou surpreso quando soube que a loja vai fechar. 

“Sempre compro CD’S aqui. Toda vez que comprava eu guardava aqueles bilhetes, ainda tenho eles lá por casa. Acho que essa crise contribuiu para a loja fechar. É muito triste ver um comércio desse fechar”, lamenta o aposentado.

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PRF recebe 4 novas viaturas operacionais no Acre

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Nesta sexta-feira (26), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Acre recebeu 4 novas viaturas operacionais que serão utilizadas para o patrulhamento nas rodovias federais do estado.

Os veículos, adquiridos com verbas de emendas parlamentares, contam com proteção balística (blindagem), para a proteção dos policiais em caso de confronto.

A expectativa da Superintendência do Acre é a chegada de mais 6 novas viaturas para renovação da frota até o final do ano.

A Polícia Rodoviária Federal, agradece o apoio dos parlamentares no Estado do Acre e garante que seguirá prestando um serviço de qualidade, no âmbito da Segurança Viária e Combate à Criminalidade.

Fonte: PRF AC

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Corregedor-geral da Justiça acreana participa do 93° Encoge e do 5° Fórum Fundiário Nacional 

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Desembargador Samoel Evangelista destacou os avanços obtidos pelo Judiciário acreano; juiz Alex Oivane ministrou oficina sobre as boas práticas empregadas para regularização fundiária no estado

O corregedor-geral do Tribunal de Justiça do Acre (TJAC), desembargador Samoel Evangelista, e o juiz-auxiliar da Corregedoria Geral (Coger), Alex Oivane, participaram do 93° Encontro Nacional dos Corregedores-Gerais da Justiça (Encoge) e do 5° Fórum Fundiário Nacional. Os eventos ocorreram entre os dias 24 e 26 de abril, em Palmas, capital do Tocantins.

Promovido pelo Colégio Permanente de Corregedores-Gerais dos Tribunais de Justiça do Brasil (Ccoge) e o Poder Judiciário tocantinense, os eventos discutiram temas imprescindível para o pleno exercício das corregedorias de Justiça, como o diálogo, a transparência, emprego de novas tecnologias e inovações, governança fundiária e desenvolvimento sustentável. 

Em sua participação, o desembargador Samoel Evangelista destacou os avanços obtidos pela Justiça acreana, como a implantação do Núcleo de Apoio à Jurisdição (Nujur), para identificar as unidades judiciárias com processos prioritários a serem julgados. Além disso, ressaltou os avanços obtidos na regularização fundiária e as ações de fiscalização realizadas. 

No evento, os magistrados acompanharam as palestras: “Governança Fundiária, Mercado de Carbono: desafios e potencialidades”, ministrada pelo ex-procurador Almir Teubl; “Regularização Fundiária nas Favelas e o papel das Corregedorias Gerais de Justiça”, dada pela juíza de Direito Carolina Ranzolin, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC).

Dentre as atividades, ainda, ocorreram painéis temáticos e oficinas, sendo uma delas ministrada pelo juiz auxiliar da Coger, Alex Oivane, que apresentou as boas práticas implantadas pelo TJAC para viabilizar a regularização fundiária no estado. 

Por fim, após exposições, debates e deliberações, o CGOGE aprovou a Carta de Palmas, documento com nove propostas de normas a serem empregadas por todas as Corregedorias-gerais de Justiça do país, e se decidiu que o 94° Encoge e o 6° Fórum Fundiário Nacional ocorrerão em Manaus, capital do Amazonas, no segundo semestre do ano.

Fonte: Tribunal de Justiça – AC

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Escola do Poder Judiciário do Acre promove I Congresso Jurídico do Juruá

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Objetivo foi promover o debate e a reflexão sobre os desafios contemporâneos da prestação jurisdicional e dos Direitos Humanos.

“Eu me sinto lisonjeado em ter participado desta atividade inédita, na certeza que estará na marcada na história da nossa Região”. A frase do acadêmico do Curso de Direito da Ufac, Urias Matos, reflete a opinião de mais de uma centena de pessoas que lotou o Auditório do Senac, em Cruzeiro do Sul, onde a Escola do Poder Judiciário do Acre (Esjud) promoveu nesta semana o “I Congresso Jurídico do Juruá: Prestação Jurisdicional e Direitos Humanos”.

A ação foi realizada em conjunto com OAB-Seccional Acre, com a Escola Superior da Advocacia (ESA/AC), apoiada pelo Tribunal de Justiça do Acre (TJAC). Teve a participação de diversas instituições, como Ministério Público Estadual, Defensoria Pública, Procuradoria do Estado, por meio de suas escolas; da Ufac e, em especial, do Programa de Pós-Graduação “Prestação Jurisdicional e Direitos Humanos” da UFT/Esjud. Diversas autoridades prestigiaram a agenda educacional, incluindo o vice-presidente da Corte de Justiça, desembargador Luís Camolez, e o presidente da Associação dos Magistrados do Acre (Asmac), juiz de Direito Gilberto Matos.

Objetivo e importância

O intuito da agenda foi promover o debate e a reflexão sobre os desafios contemporâneos da prestação jurisdicional e dos Direitos Humanos, proporcionando aos operadores do Direito do Juruá um espaço de aprendizado, troca de experiências e aprimoramento profissional, visando o fortalecimento do sistema jurídico e a efetivação dos direitos fundamentais na região.

Abertura e falas iniciais

O evento foi aberto pela execução do Hino Acreano, executado pela Banda de Música do 61° Batalhão de Infantaria de Selva, seguido por uma apresentação musical de Gustavo Matias, professor voluntário no Conservatório Musical do Juruá, que emocionou a todas/todos.

O desembargador Elcio Mendes destacou a ideia da ação educacional. “A proposta é de unir as instituições por uma só voz, que é a voz da Justiça ecoando como lugar de acolhimento e de garantia dos direitos. O Congresso é uma forma de estarmos ainda mais presentes neste lugar tão especial do Acre, que é o Juruá, o que concorre ao fortalecimento do Judiciário Acreano”, afirmou.

O diretor do Órgão de Ensino revelou o seu anseio a partir da realização do congresso e assinalou a representatividade do Estado. “Que continuemos firmes na defesa da liberdade, da pluralidade, da democracia e dos Direitos Humanos. Afinal, somos todos filhos da mesma terra, irmãos do mesmo sangue, integrantes da mesma natureza. E, neste caso, como diz a canção da Zuleide, o Acre é um pedaço especial da natureza. Distante, é verdade, mas onde somos felizes, podemos ouvir os passarinhos e, ainda que caiamos, nos levantaremos e continuaremos a sonhar e a amar”, concluiu.

Presidente do TJAC, a desembargadora Regina Ferrari assinalou a necessidade de reflexão e do compartilhamento de saberes. “O conhecimento deve estar alinhado ao fazer jurídico, na perspectiva de buscarmos em caráter contínuo a difusão de conhecimentos, e a motivação da produção intelectual de magistradas(os) e servidoras(es) e da comunidade jurídica”.

A desembargadora-presidente teve participação especial na Mesa 1: “Família, Infância e Juventude”, em que explicitou os desafios da temática e as conquistas empreendidas à frente do Tribunal. “Os caminhos são espinhosos, mas de mãos dadas, com esta união institucional, podemos expandir nossa atuação por um mundo melhor”, disse, antes de encerrar com a uma frase de Helena Blavatsky: “O potencial da humanidade é infinito e todo ser tem uma contribuição a fazer por um mundo mais grandioso. Estamos todos nele juntos. Somos UM”.

Presidente da OAB-Seccional Acre, o advogado Rodrigo Ayache, considerou uma “grande satisfação fazer parte da agenda” que, de acordo com ele, “é uma iniciativa que demonstra o compromisso da Instituição com a excelência na prestação jurisdicional e a promoção incansável dos Direitos Humanos”. Ainda conforme o advogado, o evento não apenas simboliza uma parceria estratégica entre a OAB/AC, TJ/AC e MP/AC, “mas também reafirma nosso dever ético de garantir que a justiça seja acessível e efetiva para todos. Juntos, avançamos na construção de uma sociedade mais justa, humana e igualitária”.

As mesas

A programação reuniu autoridades das mais relevantes na área jurídica, estaduais e nacionais, que abordaram temáticas como “Família, Infância e Juventude”, “Direito à Saúde, Sistema Público e seus limites” e “Interdisciplinaridade e Transversalidade na perspectiva dos Direitos Humanos”. Além de uma palestra especial do professor e juiz de Direito Tiago Gagliano (TJPR).

Integrante da Mesa 1, o procurador-geral de Justiça, Danilo Lovisaro, trouxe “Reflexões práticas sobre a implementação do “Juiz das Garantias”. Descortinou a figura do juiz das garantias a partir de uma visão à luz do Direito italiano, incluindo o modelo acusatório do país; e do juiz das garantias à brasileira, com os principais pontos de disfuncionalidade.

Ainda na mesa inicial participaram o professor doutor Tarsis Barreto (mediador), que é Coordenador do Mestrado em Prestação Jurisdicional e Direitos Humanos, Esmat/UFT/Esjud – Turma Fora de Sede; a advogada Daiana Mathias (OAB-AC); e o desembargador Eduardo Cambi, do Tribunal de Justiça do Paraná, com participação especial conosco, por meio do Google Meet.

O magistrado considerou que o Poder Judiciário deve adotar o julgamento com perspectiva de gênero, conforme protocolo previsto na Recomendação CNJ nº 128/2022. Defendeu a promoção da equidade do dever de cuidado de pai e mãe no âmbito familiar. Outra medida relevante, segundo ele, são as ações de prestação alimentar devida aos filhos menores de idade, pois o valor ou a quantidade dos alimentos deve se balizar pelo trinômio necessidade-possibilidade-proporcionalidade. Por fim, observou que o “constitucionalismo feminista” precisa ser enxergado como um diálogo permanente não apenas entre mulheres para mulheres, todavia com a colaboração dos homens, para que se revele a potencialidade das vozes femininas na composição de espaços heterogêneos e na construção de uma sociedade mais igualitária.

Outras mesas

A Mesa 2, “Direito à Saúde, Sistema Público e seus limites”, teve como mediador o juiz de Direito Lois Arruda, e com painelistas o promotor de Justiça, Glaucio Oshiro; a advogada Ocilene de Souza e da defensora pública Cláudia Aguirre, que discorreram sobre a complexidade da problemática, com debates relativos ao direito de todos à saúde, ao dever do Estado, como também no que tange ao acesso universal e igualitário a políticas públicas socioeconômicas, etc.

Já a Mesa 3, “Interdisciplinaridade e Transversalidade na perspectiva dos Direitos Humanos”, contou com a participação do desembargador Elcio Mendes, de Emerson Costa, Diretor da ESA, e da doutora Patrícia Medina (mediadora), do Mestrado da UFT/Esjud. A professora salientou que “intenção e desejo não são suficientes para um trabalho ter resultado”, e que não basta o diálogo de diferentes disciplinas e saberes. “É preciso Intenção junto com a ação, além de um esforço racional e crítico sobre o problema-objeto de análise e aperfeiçoamento”, emendou.

A palestra

O juiz de Direito Gustavo Sirena mediou a palestra ministrada pelo professor Tiago Gagliano , com o tema “Valoração dos fatos, prova oral e tomadas de decisão”. Pós-doutor em Direito e em outras áreas do conhecimento, o juiz de Direito abordou a filosofia como a “incessante busca respostas e explicações para as angústias humanas”.

Também lançou luzes sobre a “Psicologia do Testemunho”, destacando que ao passar pelo filtro da memória, a verdade e realidade não são fatos objetivos, porém sim subjetivas e interpretativas. Chamou a atenção para o estado do cérebro e as implicações, após uso de drogas, como cocaína, álcool, bem ainda acerca da curva do stress.

Fonte: Tribunal de Justiça – AC

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