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No Dia das Mães, conheça quatro mulheres e suas incríveis histórias de vida

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Junho de 2020. A enfermeira Monna Maia Dimas varou a noite cuidando de pacientes intubados, ao som dos bipes intermitentes dos ventiladores mecânicos nas cabeceiras das camas de UTI do Hospital de Campanha do Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into), de Rio Branco. Exausta, mas atenta ao que se passava na ala, naquela madrugada ela seria testemunha do apelo dramático de uma médica pela vida de sua paciente grávida, cujo estado de saúde havia entrado em colapso total.

Monna Maia Dimas trabalha no Pronto-Socorro de Rio Branco, onde coordena o setor de Atendimento Especializado em Feridas; ela é enfermeira há oito anos. Foto: Neto Lucena/Secom

Num ato de desespero para alguns, mas um gesto de amor para muitos, a profissional se ajoelha diante da maca, levanta as mãos para o alto e clama a Deus, sem cessar, pela vida da jovem de 17 anos e seu bebê, cuja falência acabara de começar, sem qualquer esperança de retorno pela medicina dos homens.

Equipamento médico-hospitalar usado para monitorar paciente na cabeceira de leitos covid-19 do Into. Foto: Odair Leal/Secom

“Me lembro da médica ajoelhada na frente do ventilador, orando a Deus para não deixar ela morrer. A gente já tinha feito tudo que humanamente era possível fazer. E a paciente não respondia. Infelizmente, veio a óbito”, recorda-se.

Monna, de 30 anos, natural de Cruzeiro do Sul, passou os últimos oito anos de sua vida cuidando de pessoas, desde que colou grau no curso de Enfermagem da Universidade Federal do Acre, em Rio Branco. Hoje é chefe do Atendimento Especializado em Feridas do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco.

Paciente em estado grave de covid-19 é transferido do Pronto-Socorro para as enfermarias do Into, em mobilização no auge da pandemia, em 2020. Foto: Odair Leal/Secom

Mãe de Urik, de 3 anos, Monna sofreu a angústia de toda mãe chamada para trabalhar no front da pandemia de covid-19, a partir de março de 2020: o medo de não retornar para seus filhos, ou então de contaminá-los com a doença.

“A gente teve muitos óbitos de grávidas. É uma decisão muito difícil porque, a partir do momento em que a gente intuba uma pessoa, e uma grávida especificamente, a nossa prioridade é a mãe”, explica.

Monna Dimas faz a assepsia em paciente com ferida aberta na perna; a profissional, que já trabalhou no front da covid-19, hoje é grata pela vida do filho Urik. Foto: Neto Lucena/Secom

Ser mãe era um dos maiores anseios da enfermeira, que narra: “O Urik nasceu em 28 de outubro de 2018. Em 2019, fez um ano. Eu ainda estava me acostumando com o fato de ser mãe, que requer muita responsabilidade, quando em dezembro começamos a ouvir sobre a pandemia, que ainda estava num lugar muito distante, né? Em janeiro, eu comecei a ficar mais preocupada ao ver o avanço surreal, a velocidade e a proporção que a covid-19 estava tomando.

Há quase uma década ela é enfermeira assistencial e havia sido escalada no início da pandemia para as atividades do Hospital de Campanha do Into: “Tudo isso alterou totalmente a minha rotina familiar. Era uma situação muito complexa, porque meu filho tinha apenas um ano e era muito apegado à gente.  Chegar em casa era um momento muito triste, porque ele queria correr e me abraçar. E na maioria das vezes eu tinha que ficar atrás das grades. Eu sabia que vinha contaminada. Então, criamos um fluxo totalmente diferente de entrada em casa”.

A rotina da profissional tornou-se física e emocionalmente extenuante. “Durante exatamente um ano, eu ia dormir às 2 horas da manhã e acordava às 4h30, uma rotina muito pesada. Já passei a ficar três dias sem o Urik me ver, porque eu chegava em casa e ele estava dormindo. Saía e ele continuava a dormir. Mas nesse meio tempo, tive uma rede de apoio muito boa. O pai dele, Renardy Saraiva, 34 anos, é uma pessoa maravilhosa. Me apoiou bastante e, assim como a minha sogra, se preocupou muito com a minha saúde e com a do nosso menino”, relembra.

A salvação de Martinha

Mas a crise não trouxe apenas momentos ruins. E Monna carrega igualmente memórias gratificantes do período: “Se tivemos perdas de grávidas, me lembro também da primeira vez que a gente salvou uma. Vou chamá-la de Martinha, por não saber se ela gostaria de ser citada na reportagem com seu nome real. A Martinha era maravilhosa. Passou 70 dias intubada. Não respondia a nada. Muito, mas muito grave aqui no Pronto-Socorro. Então a gente chamou o médico obstetra pra dar uma olhadinha nela, e ele indicou retirar o bebê”.

Profissional do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco programa maca usada para pacientes em ala covid-19. Foto: Odair Leal/Secom

A situação atípica chamou a atenção de Monna. “Eu cheguei nesse dia de manhã e a equipe comentou: ‘Hoje, a gente vai conhecer a filha da Martinha’. Aí, meu coração disparou: ‘A gente vai ter um parto durante a covid. Alguém avisou o pai? Não. Ninguém avisou’. Eu chamei o psicólogo e disse: vamos chamar o pai, né? A gente nunca dá notícia por telefone”, informa.

Monna Dimas faz a assepsia em paciente com ferida aberta em uma das pernas; profissional que já trabalhou no front da covid-19 hoje é grata pela vida do filho Urik. Foto: Neto Lucena/Secom

“Solicitei que viesse até a unidade e ele chegou lá na UTI, muito nervoso. Dei bom dia e ele não conseguiu sentar. Olhou para mim e me pediu: ‘Só fala que a minha mulher está viva. Só fala que a minha mulher está bem, por favor’. E eu falei: ‘Cara, senta que eu tenho uma notícia muito boa para te dar’. E ele sentou. Eu falei; ‘Hoje tu vais conhecer a tua filha’. Ele começou a chorar e eu acabei chorando também, porque a gente se envolve muito”, recorda.

E enfim nasceu o bebê. “A coisa mais linda do mundo. Alguns dias depois, a mãe saiu. Foi extubada, começou a andar, a fazer fisioterapia e foi para casa. Só conheceu a filha dela quando teve alta hospitalar. Que coisa mais gostosa. Deus, foi bom demais com a Martinha!”, exulta Monna.

Leito covid-19 no Into; no auge da pandemia, em 2020, enfermarias como essa de UTI ficaram lotadas. Foto: Odair Leal/Secom

Uma vida simples, porém, cheia de responsabilidade

“Nossa, que legal! Você vai contar a minha história? Então vamos lá. Só esperando a moça chegar aqui pra ficar com a turma enquanto eu vou falar com você lá fora. Depois de tantos dias longe das salas de aulas, hoje estamos aplicando a avaliação diagnóstica aos alunos. Meu nome é Fabíola de Oliveira Melo, tenho 28 anos, sou professora do ensino fundamental das séries iniciais e há quatro tenho um contrato provisório no Estado e um efetivo na prefeitura [de Rio Branco]”, conta a educadora.

Fabíola Melo é professora na Escola Madre Hildebranda da Pra e diz que por toda a vida viveu em ambiente educacional ao lado da mãe Foto: Mardilson Gomes/Secom

E continua: “Meus filhos são o Edson Rafael, de 2 anos e 8 meses, e o Edson Ramon, de 9 anos. Meu esposo é o Renato Alves, agricultor. Ele passa todos os dias de semana na colônia, na Transacreana. O nome Edson é do meu avô e de meu pai, porque o primeiro foi em vida um homem virtuoso. Meu pai, Francisco Edson de Quadros, ainda vive. É casado com minha mãe e também é virtuoso”.

Fabíola é espontânea e, bem assim, de cara, foi compartilhando um pouco de sua vida simples, porém cheia de significado, como professora na Escola Estadual de Ensino Fundamental Maria Hildebranda da Pra, no bairro Cidade Nova.

Professora Fabíola Melo em sala de aula; amor à profissão e aos filhos a faz muito feliz, segundo ela Foto: Mardilson Gomes/Secom

“Desde a infância, eu tive esse sonho de ser professora. Então ser educadora não foi falta de opção, foi uma escolha, porque ainda criança eu já vivia a rotina de um professor. Minha mãe, Ednilza Oliveira, é professora aposentada do estado. Por 30 anos, ela trabalhou na Escola de Ensino Fundamental Floresta, no Projeto Moreno Maia. E a minha infância foi toda dentro de uma escola e nas formações aqui em Rio Branco, porque minha mãe se deslocava da zona rural para participar delas e eu a acompanhava. Ela não tinha com quem deixar os filhos”, lembra.

Como quase todos os educadores, Fabíola Melo passou por dias difíceis, lecionando remotamente de casa: “Foi um desafio imenso. Não só pela falta do contato físico com o ambiente escolar, mas porque as pessoas esquecem que professora é também mãe e dona de casa. Havia dias que o mais [filho] novo chorava por trás das gravações das aulas e eu tinha que ampará-lo”.

Fabíola e o filho, Edson Ramon, posam para a foto; ela é mãe e educadora ao mesmo tempo. Foto: Mardilson Gomes/Secom

A educadora afirma que acorda todos os dias às 4 horas. Faz o café da manhã, toma banho, produz o planejamento das aulas, acorda os meninos e os três caminham para as escolas: a Willy Viana, do mais novo, também na Cidade Nova, e depois para a Maria Hildebranda da Pra, onde o mais velho, Edson Ramon, estuda. Fabíola é também sua professora.

“Ele estuda comigo. Eu fiz essa escolha porque o acompanhei durante a pandemia, nas aulas remotas, e pelo fato de eu já estar lecionando na etapa em que ele está. Foi uma solicitação minha para a escola, de ele continuar na minha turma, pois fiquei até preocupada com o desempenho dele num primeiro momento, já que não sabia como ele poderia reagir. Eu estudei com a minha mãe e a gente tem aquele sentimento de ver o professor como um docente, mas nunca como mãe ou pai”, conta Fabíola.

Fabíola Melo se sente feliz por trabalhar em sala de aula, apesar da correria diária de cuidar de seus filhos praticamente sozinha. Foto: Mardilson Gomes/Secom

“Eu fui mãe bem jovem, com 18 anos, mas, quando terminei o ensino médio, o meu sonho já era fazer a faculdade de Pedagogia, de ser professora. No momento em que se tem filho pequeno, talvez muitas mães imaginem que é hora de parar, que não dá mais certo. Mas temos que fazer dos nossos filhos a nossa motivação. Eles não são empecilhos, são a motivação”, diz ela, que conseguiu ser aprovada no curso de Pedagogia da Ufac, mas optou por uma faculdade a distância somente para poder ficar mais perto das crianças.

Uma mãe à prova de – quase – tudo

Hêgina Barros, 38 anos, servidora da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão do Acre, acredita que ser mãe é um dom e o filho, um presente. Mãe de Flávia, de 11 anos, e de Helena, 8, ela diz que viveu duas maternidades muito diferentes uma da outra. “Mas não me sinto nem mais nem menos especial do que qualquer outra mãe”, afirma.

Hêgina Barros e Helena: amor e carinho entre as duas superam todas as adversidades da vida. Foto: Álbum pessoal

“Eu apenas luto para que os direitos das minhas filhas sejam preservados e cumpro meu papel da melhor maneira que posso”, relata. Helena nasceu com a síndrome de Miller-Dieker, uma desordem genética rara que tem como características anomalias craniofaciais congênitas, malformações cardíacas, retardo do crescimento e deficiência intelectual. Essa condição, no entanto, não desestimulou a família a desfrutar uma vida de muitas realizações.

Pelo contrário, como Hêgina ressalta: “Não escolhemos como os nossos filhos irão nascer e não escolhemos a maternidade atípica. Mas a gente pode decidir o que fará para ter uma vida plena e feliz. Não me restam quaisquer dúvidas que sempre farei o que for melhor”.

As irmãs Helena (D) e Flávia (E): a felicidade une as duas em torno de pais igualmente amorosos e presentes em suas vidas. Foto: álbum pessoal

Com boa dose de lucidez e amor no coração, ela dispara: “Toda mãe deve amar seu filho incondicionalmente. Apesar de carregarmos grandes responsabilidades e tamanha quantidade de tarefas e papéis que precisamos desempenhar, nossos filhos devem ser a nossa prioridade. É esse amor que nos deixa mais perto de Deus! Ser mãe é o maior privilégio que tenho nessa vida”.

O carinho e o amor das pessoas por Helena, e não menos por Flávia, é tão grande que, antes da pandemia de covid-19, Helena foi chamada a fazer parte de um projeto chamado Porta em Porta – criado por uma mãe que também tem filho com deficiência, cujo cerne é encorajar essas crianças a se tornarem modelos fotográficos para campanhas publicitárias de lojas.

Mamãe Hêgina, Helena e Flávia: carinho e atenção são iguais para as duas. Foto: Álbum pessoal

“Com a chegada da pandemia, resolvemos preservá-la mais, por ter imunidade baixa e o risco de contaminação poder levar para uma situação mais grave”, diz a mãe, que em março de 2017 conseguiu na justiça que o Estado fornecesse equipamentos e insumos para terapia necessários ao tratamento da criança.

Para Hêgina Barros, é preciso dar o carinho que os filhos necessitam: “Todos precisam de atenção. A Helena precisa um pouco mais de cuidado por conta da deficiência, mas a Flávia também. E eu não me vejo diferente, eu me vejo com a mesma garra que toda mãe tem por um filho, porque a gente não quer ver nenhum deles nem gripado, imagina deficiente”.

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Comitiva busca o fortalecimento de políticas LGBT no Acre

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A Divisão dos Direitos das Pessoas LGBT+ da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH), em parceria com o Conselho Estadual de Combate à Discriminação LGBT+ do Acre (CECDLGBTAC), estão entre os dias 14 e 19 de abril, realizando visitas institucionais na região do Juruá no Acre, nos município de Cruzeiro do Sul (AC), Rodrigues Alves (AC) e Mâncio Lima (AC).

A iniciativa tem como foco articular e sensibilizarem as gestõe municipais para a criação dos conselhos municipais LGBT+, para a realização da 2ª Conferencia Regional LGBT+ do Juruá que ocorrerá no mês de Junho de 2024, sediada no município de Cruzeiro do Sul (AC), bem como tratarem dos serviços de implementação do Centro de Referência LGBT+ do Acre.

Na ocasião estiveram em reunião com o Prefeito de Cruzeiro do Sul (AC), Zequinha Lima, com as secretarias de Assistência social, Cultura, Equipe do CREAS do município, com a Fundação de Cultura Elias Mansour, promovendo ações necessárias para a implementação das políticas afirmativas aos direitos humanos da população LGBT+ do Acre.

A comitiva promovida pela SEASDH, realizou visitas de articulação e mobilização na gestão do executivo municipal de Mâncio Lima (AC) e Rodrigues Alves (AC), para que gestores e profissionais desses municípios entendam a importância de estarem construindo ações afirmativas para o segmento LGBT+ dos seus territórios e da região do Juruá, bem como a participação deles na Conferência Regional LGBT+ do Juruá.

“O que depender do município de Cruzeiro do Sul, vamos auxiliar para que possamos estar ajudando a realização da Conferência LGBT+ do Juruá e dar encaminhamento as politicas afirmativas de enfrentamento a qualquer discriminação, voltada a população LGBT+ de nosso município,” declarou o prefeito de Cruzeiro do Sul Zequinha Lima.

A prefeita em exercício do município de Mâncio Lima, Ângela Valente, também reafirmou a importância dos encontros.

“Muito importante a vinda da comitiva em nosso município, todos precisamos aprender sobre como podemos auxiliar para criarmos uma cultura de paz, respeito e dignidade para todas as pessoas, sem haver qualquer discriminação,” declarou Ângela Valente.

O Presidente do Conselho Estadual de Combate a Discriminação LGBT+ do Acre, falou sobre a importância das parcerias.

“É muito importante a parceria que a SEASDH, através da Divisão dos Direitos das Pessoas LGBT+, da Diretoria de Direitos Humanos, está oportunizando para que o Conselho possa estar indo aos municípios do Acre, articulando ações e se colocando a disposição para que possamos construir juntos as politicas afirmativas de direitos humanos em favor da população LGBT+ do Acre”.

Germano Marino, chefe da Divisão dos Direitos das Pessoas LGBT+, da SEASDH, falou sobre o trabalho desenvolvido.

“ Desde que assumi a chefia dessa divisão, recebi a missão da Diretoria de Direitos Humanos da SEASDH, para que tivéssemos uma parceria com todos os movimentos LGBT+, do controle social, para que pudéssemos atuar em conjunto e buscar as melhores oportunidades para as politicas afirmativas de valorização dos direitos humanos da população LGBT+ do Acre. Estamos nos mobilizando e atuando em conjunto com outros movimentos e principalmente com o Conselho Estadual de Combate a Discriminação LGBT+, para que possamos chegar com as ações, as capacitações, os letramentos, o incentivo ao esporte, a cultura, a empregabilidade, renda, saúde, dignidade, para todos os LGBT+ dos 22 municípios acreanos. E isso só e possível, porque temos um governador preocupado não apenas com obras, mas com o desenvolvimento humano das pessoas do nosso Estado”.

A comitiva segue nesse mês de maio até junho em visitas a outras regiões do Estado, na articulação e promoção dos direitos humanos da população LGBT+ do Acre, buscando garantir a participação das gestões municipais, militância LGBT+, dentre outros movimentos e agentes públicos, na realização das Conferências Regionais e articulação de serviços de atendimento aos LGBT+ acreanos.

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Levantamento mostra que acesso precário à internet limita o potencial do campo

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Mesmo em polos agrícolas de grande relevância nacional, como Sorriso (MT), Uberaba (MG) e Rio Bananal (ES), a conectividade rural ainda apresenta índices preocupantes. Segundo o Indicador de Conectividade Rural (ICR), elaborado pela ConectarAgro em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), esses municípios apresentam ICRs de 0,2190, 0,4877 e 0,5725, respectivamente, demonstrando a necessidade urgente de ampliar o acesso à internet no campo.

O ICR, que teve sua primeira atualização em abril de 2024, é resultado do cruzamento de dados do Cadastro Ambiental Rural (CAR) com o Índice Brasileiro de Conectividade (IBC) da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Através dessa análise, o estudo identificou que apenas 18,79% da área agrícola nacional possui cobertura 4G e 5G, concentrando-se principalmente nas regiões Sul e Sudeste.

As disparidades no acesso à internet no campo também se manifestam entre diferentes grupos de produtores. Enquanto 39% dos pequenos agricultores possuem cobertura 4G e 5G em toda a área de produção, essa proporção cai para 16,2% entre os médios produtores e 6,4% entre os grandes. Nos assentamentos da reforma agrária e comunidades tradicionais, a situação é ainda mais crítica, com apenas 10,4% e 26,1% de cobertura, respectivamente.

A internet se configura como uma ferramenta essencial para o aumento da produtividade no campo. Através dela, os agricultores podem monitorar em tempo real o funcionamento de máquinas agrícolas, otimizar o manejo das lavouras, acessar informações de mercado e se conectar com compradores. A falta de conectividade, portanto, limita o potencial do agronegócio brasileiro de alcançar sua máxima eficiência.

Auxílio-internet – Para combater essa realidade, a Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados aprovou um projeto de lei que cria o auxílio-internet para famílias de baixa renda e agricultores familiares. O projeto, que ainda precisa ser aprovado pelo Senado e sancionado pelo Presidente da República, prevê a concessão de um valor mensal para a compra de dispositivos móveis e acesso à internet.

Além do auxílio-internet, o projeto também cria a Política Nacional de Conectividade da Agricultura Familiar (PNCAF), com o objetivo de promover a inclusão digital nesse segmento populacional e fomentar o uso de tecnologias digitais no campo. A PNCAF prevê a priorização da compra de equipamentos nacionais, a oferta de cursos de capacitação e a criação de mecanismos para facilitar a comercialização da produção por meio de plataformas online.

Desafios – Apesar dos avanços, ainda há um longo caminho a ser percorrido para garantir o acesso universal à internet no campo brasileiro. A universalização da conectividade rural exigirá investimentos em infraestrutura, políticas públicas direcionadas e ações de conscientização sobre os benefícios da internet para o agronegócio.

Superar os desafios da conectividade rural é fundamental para impulsionar o desenvolvimento do agronegócio brasileiro, aumentar a produtividade, reduzir custos e ampliar as oportunidades para os agricultores familiares.

Imagem e informações da ConectarAgro

Este mapa radiográfico da conectividade rural no Brasil, apresentado pelo ICR, serve como um alerta para a necessidade de ações urgentes e coordenadas para garantir que o campo brasileiro esteja conectado ao mundo digital e possa alcançar todo o seu potencial.

Fonte: Pensar Agro

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FPA diz que programa Terra da Gente, do governo, aumenta a insegurança no campo

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O governo federal lançou um decreto polêmico, que tem levado insegurança ao campo. O objetivo, segundo o governo, é revitalizar a política de reforma agrária no Brasil. O Decreto nº 11.995, de 15 de abril de 2024, introduz o programa “Terra da Gente”, que pretende agilizar a aquisição de terras para distribuição aos beneficiários de políticas públicas de regularização fundiária, incluindo comunidades quilombolas e outros grupos tradicionais. No entanto, a medida suscitou debates acalorados e críticas por parte de representantes do setor agropecuário, que veem a ação como uma ameaça à segurança jurídica e ao direito de propriedade.

O programa delineia várias formas de obtenção de terras, como desapropriação por interesse social, expropriação em casos de trabalho análogo à escravidão e arrematação judicial de imóveis rurais. Essas modalidades estão alinhadas com esforços anteriores do governo para garantir o cumprimento da função social da propriedade.

Pedro Lupion, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), destacou a necessidade de proteção ao direito de propriedade e expressou preocupação com o recente aumento das invasões de terras, principalmente durante o período conhecido como “Abril Vermelho”. Lupion criticou o que ele descreve como uma conivência entre membros do governo e grupos de movimentos sociais rurais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que têm participado ativamente de tais invasões.

Em resposta, o governo argumenta que o “Terra da Gente” é uma ferramenta crucial para combater a desigualdade no acesso à terra no Brasil. O programa também contempla diretrizes específicas para garantir que apenas terras que não cumprem sua função social sejam consideradas para desapropriação, conforme determinado por recentes decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).

Além disso, a legislação em torno das desapropriações gerou um debate legal significativo. Especialistas apontam que o decreto pode estar em desacordo com a Constituição Federal, que exige que desapropriações sejam regulamentadas por lei, não por decreto. Esse ponto é particularmente sensível, uma vez que envolve a interpretação de cláusulas pétreas da Constituição relacionadas à propriedade produtiva e sua função social.

De acordo com o presidente da FPA, o setor produtivo está preocupado com o decreto que pode trazer insegurança jurídica e promover a relativização do direito de propriedade, enfatizando que a regulamentação de procedimentos para desapropriação deve ser feita por lei, não por decreto.

O presidente da FPA destacou a importância de proteger a população rural e o direito de propriedade, salientando que o decreto recentemente publicado apresenta pontos que acentuam a insegurança jurídica e afrontam garantias fundamentais asseguradas pela Constituição Federal. Nesse sentido, a Frente Parlamentar busca soluções para garantir a segurança e o desenvolvimento do campo brasileiro, enfrentando os desafios decorrentes das invasões de terras e das mudanças nos programas de apoio à agricultura.

Fonte: Pensar Agro

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