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Trinta anos depois, Maurício não nega a dimensão de seu feito: “É o gol mais importante do Botafogo”

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Ídolo, camisa 7 do inesquecível 21 de junho de 1989 relembra decisão contra o Flamengo, conta que quase não jogou e compara lance com outros memoráveis da história do Estadual

Por Emanuelle Ribeiro e Fred Gomes — Rio de Janeiro

Campeão desde 1907, como diz seu hino, o Botafogo colecionou taças desde o princípio. É o Glorioso, porém seu torcedor perdeu o delicioso hábito de cantar vitórias por amargos 21 anos. A espera terminou com um gol cantado em verso, prosa e até em disco. Gol que derrotou o rival Flamengo e rebatizou Maurício de Oliveira Anastácio, hoje o Maurício 89.

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Narração do gol

“Marquinho, Vitor… pelo meio a bola a enfiada, olha o Botafogo chegando, o cruzamento… Maaaaurício! Gooool do Botafogo! Maurício! Aos 12 minutos e 15! Mazolinha acreditou, cruzou. Zé Carlos olhou, Maurício chegou, meteu o pé… Uma loucura”, exclamou Galvão Bueno naquele inesquecível 21 de junho de 1989.

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Com a histórica 7 às costas e a bênção de Garrincha, Maurício gravou seu nome na história do Glorioso ao fazer o gol que garantiu o título que o próprio considera “o maior título do clube”. E não é pretensão, nem marra do hoje ex-atacante, que tem 55 anos. Não são poucos os botafoguenses que fazem coro ao ídolo.

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“É o gol mais importante do Botafogo, quebrou um tabu. Depois, fomos campeões em 90, 93, 95 e 97. A gente quebrou uma barreira com aquele título. Se não fosse aquele gol, não sei o que seria do meu Botafogo hoje”.

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O gol de Maurício não sai mesmo da memória dos torcedores mesmo 30 anos depois. Durante a entrevista ao GloboEsporte.com, no condomínio onde mora na Barra da Tijuca, ele foi interrompido algumas vezes por botafoguenses marcados pela figura do ex-atacante. Confira como foi o papo:

GloboEsporte.com: O gol do título de 1989 ficou marcado na história do Botafogo e também na sua vida. Foi o gol mais importante da sua carreira?

Maurício: Com certeza foi o gol mais importante da minha carreira. Eu não era uma pessoa conhecida nacionalmente, e esse gol, essa competição fizeram com que todos os atletas fossem reconhecidos. O Botafogo tem um histórico de grandes jogadores, como Mané Garrincha, Jairzinho… Quando fomos campeões, quebrando um jejum de 21 anos, os botafoguenses voltaram a sorrir.

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“Eu, um garoto desconhecido, passei a ser conhecido, tanto que fui vendido para a Espanha”.

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Para mim foi um orgulho muito grande fazer parte daquela campanha, com um grupo bastante determinado, unido, um torcia pela felicidade do outro, não tinha vaidade, isso foi muito importante para a conquista.

Quando eu fui contratado, o Antonio Rodrigues e Alcides Aguilar que me levaram para o Botafogo. Agradeço muito a eles e ao Emil Pinheiro que foram fundamentais para a minha ida ao Botafogo, onde pude conquistar esse título maravilhoso.

Maurício em 2015, quando o Botafogo completou 111 anos — Foto: Jessica Mello

E o título, você considera também como o mais importante do Botafogo? Mesmo tendo Brasileiro, Conmebol depois…

Pelas circunstâncias, sim. Em São Paulo teve o Basílio com o Corinthians sendo campeão depois de 23 anos, e no Rio teve o Maurício. Poderia ser Mazolinha, Paulinho Criciúma, Luisinho, mas eu fui escolhido. Eu não ia jogar, estava febril e, na ida para o Maracanã, reuni o pessoal e disse que não jogaria.

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Eles disseram: “Nós vamos correr por você. Você é um jogador que faz gol contra o Flamengo, eles têm medo de você, e você vai fazer diferença”.

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Isso é família, acho que isso não pode faltar em nenhum lugar. Quando você trata um irmão com carinho, consegue ajudá-lo a superar uma dificuldade, isso faz a diferença.

Você estava febril e mesmo assim foi para o jogo. Como foi a preparação para entrar em campo e superar a doença?

Eu fui para o jogo. Chegando lá, encontrei o Nilton Santos, um mito do futebol. Ele me abraçou e falou: “Maurício, eu sei que você está mal, mas você não está sozinho, Mané Garrincha estará com você”. Aquilo foi um empurrão para eu poder seguir em frente mesmo com dificuldade para correr. No segundo tempo, eu falo para o Espinosa me tirar e colocar Mazolinha ou Donizete, porque eles poderiam render mais.

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Espinosa me disse: “Maurício, eu tiro qualquer um, mas não tiro você. Sonhei que você faria o gol do título”. Todo mundo me empurrando, pensei que alguma cosia aconteceria.

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O mais importante foi que, aos 11 minutos, o Zico bate uma falta, a bola quase entra e, quando ele vai saindo, eu coloco a mão nele. Hoje, eu acho que quando toquei nele saíram virtudes. Logo depois, Mazolinha cruza da esquerda e eu faço o gol. Acho que peguei a virtude do Zico, que é artilheiro, e consegui fazer um gol que ficou para a história. Inesquecível para nós botafoguenses.

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“Três coisas que mexeram comigo: meus dois filhos e esse gol”.

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Depois, Espinosa disse que era mentira, que não sonhou que eu faria o gol, só falou para me motivar. No caminho para o estádio, eu dormi no ônibus. Luisinho me acordou quando chegamos e eu disse: “Sonhei que a gente ganhava de 1 a 0, mas passávamos um sufoco danado”. Ele me perguntou quem tinha feito o gol no meu sonho e eu não me lembrava. Falei: “Tomara que você passe a bola para mim, eu faça a jogada e cruze para o Paulinho Criciúma fazer o gol”. Mas era eu que tinha sido escolhido e não sabia.

Maurício 89 recebeu o GloboEsporte.com no condomínio onde mora — Foto: Fred Gomes

O título marcou também a vida de muitos torcedores, né? Tem até casamento por sua causa…

São engraçadas histórias de algumas pessoas com relação ao título. Tiago foi um diretor do Botafogo que atravessou o Maracanã todo de joelho. Tem a Sonja, que esperava tanto aquele título, vibrava com a gente. Foi o título da vida dela. Conheço um que se casou com a mulher porque o Botafogo foi campeão. Muitas histórias bonitas que a gente só sabe depois. Isso nos mostra a importância do atleta, dentro de campo a gente não sabe o que se passa fora. Quando a gente está com a bola ali nos pés, não temos noção da quantidade de pessoas que estão olhando.

Garrincha te inspirou?

Sempre gostei de driblador, jogador com habilidade. Sou alto, mas sempre gostei de ir pra cima, driblar. Tem um drible de letra que eu faço que é do Garrincha, e um que eu salto que é do Jairzinho. Eu imitei mesmo os dois, porque a gente tem que copiar as coisas boas. Esses dois dribles aprendi observando. O Garrincha sabia a jogada do adversário, parece que estudava.

Você disse que seu gol em 89 foi o mais importante da história do Botafogo. Você acha que pode ser considerado também o mais importante da história do Campeonato Carioca comparando, por exemplo, com os de Pet, Renato Gaúcho e Cocada?

Cada um teve sua proporção. Tiveram vários gols, mas nenhum estava em jejum, nenhum tinha a responsabilidade que a gente tinha. Vínhamos carregando um fardo há 21 anos, o desejo de todos os torcedores por um título era muito grande. Torcedores do Fluminense e do Vasco, inclusive, estavam com a gente. Havia uma energia muito grande e também uma responsabilidade. Tínhamos uma coisa bacana, fomos campeões invictos. Eu estava mal, dei uma sorte, foi coisa de Deus, estava predestinado. Foi o gol mais importante do Botafogo, quebrou um tabu. Depois, fomos campeões em 90, 93, 95 e 97.

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“A gente quebrou uma barreira com aquele título. Se não fosse aquele gol, não sei o que seria do meu Botafogo hoje”.

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Do Botafogo, acho que é o gol mais importante. No Carioca tiveram vários gols importantes, o do Loco Abreu, Pet, Rondinelli. São gols lindíssimos, os jogadores foram escolhidos. Cada um no seu momento. Momento único na vida do atleta. Meu momento de brilho foi em 89.

O gol marcou tanto que, hoje, você é conhecido como Mauricio 89. Você gosta desse apelido?

O 89 é um número que registrei, o Botafogo me dá o licenciamento para usar o 89. Já pegou, não tem como tirar mais. 89 virou uma marca registrada.

Antes da vitória na final, teve um jogo marcante também contra o Flamengo. Eles ganhavam de 3 a 1, e vocês conseguiram empatar…

Esse foi o jogo do campeonato. Fiz um gol. Eles fizeram 1 a 0, eu empatei com um golaço de trivela. Eles abriram 3 a 1. Empatamos no fim do jogo.

Engraçado que Gonçalves estava no Flamengo e depois fez sucesso também com a camisa do Botafogo…

O futebol tem essas coisas. Fui campeão no Inter e no Grêmio. Fui aplaudido nos dois lugares. O Gonçalves sempre foi um baita de um jogador, tinha uma classe. Botafogo estava bem servido de zagueiros: Gottardo, Mauro Galvão e Gonçalves.

Além do longo jejum de títulos, o Botafogo também não vencia o Flamengo desde 1986. Tinha muita coisa envolvida naquela decisão, né?

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“Nós éramos motivo de piadas, 21 anos sem títulos. Isso vinha magoando a gente, estávamos ofendidos”.

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A maneira de mudar era ser campeão. Nos treinamentos em Marechal Hermes tinham duas, três mil pessoas olhando. Nos jogos no campo do Olaria, o estádio ficava lotado. A torcida acreditou tanto e a gente lutava muito também. Tínhamos certeza que íamos conquistar algo, estávamos no caminho certo.

O Flamengo botou pilha na gente, falavam que não tínhamos time para ganhar, falaram que ressuscitaram um defunto. Essas coisas eram discutidas no nosso grupo. A gente treinava mais, serviu como motivação para que pudéssemos superar a grande equipe do Flamengo.

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Anatel determina novas regras para empresas de telemarketing

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A partir do dia 1º de junho, as empresas de telemarketing terão que seguir novas regras definidas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para combater o disparo massivo de chamadas telefônicas abusivas. O objetivo é reduzir o incômodo e os transtornos gerados aos consumidores de serviços de telefonia do país. 

Um dos principais ajustes é em relação ao tempo de duração da ligação feita pelas empresas aos consumidores para que ela seja considerada uma chamada curta. Antes, eram consideradas chamadas curtas aquelas com até 3 segundos. Com as novas regras, são consideradas curtas as chamadas de até 6 segundos, com desligamento na origem ou no destino. 

O conceito de chamadas curtas foi também ampliado para incluir, além das chamadas não completadas, normalmente desligadas pelo usuário antes mesmo de atender, as chamadas direcionadas à caixa postal. 

Segundo as regras da Anatel, o limite de chamadas curtas que as empresas podem efetuar é de 85% do total de ligações realizadas, para a empresa que fizer mais de 100 mil ligações em um dia. As empresas que ultrapassarem os limites serão bloqueadas por 15 dias. 

Segundo a Anatel, para contornar as regras estabelecidas anteriormente, as empresas de telesserviços deslocaram o tempo das chamadas curtas para algo entre 4 e 6 segundos. “O acompanhamento também observou um grande volume de chamadas infrutíferas, inoportunas ou sem diálogo que passaram a se estender para a caixa postal dos cidadãos”, diz a agência. 

Outra inovação divulgada pela agência nesta sexta-feira (26) é a possibilidade de determinação de bloqueio diretamente pela própria Anatel, caso identifique reincidência e prévia notificação. A Anatel também determinou o uso do código 0303 para ligações de cobranças, além de ligações de telemarketing.  

As prestadoras de serviço que descumprirem as medidas estão sujeitas a multa de até R$ 50 milhões.

Medidas 

Em 2019, a Anatel lançou a plataforma Não Me Perturbe, para evitar o telemarketing abusivo. Outra iniciativa foi a obrigatoriedade do uso do prefixo 0303 pelas empresas de telemarketing, para permitir que o consumidor possa identificar o chamado. 

Desde junho de 2022, foram bloqueados 909 usuários e assinados 143 termos de compromisso formal de boas práticas por empresas de telesserviços. Foram instaurados 24 processos administrativos, com valor total de R$ 28,2 milhões em multas aplicadas. A estimativa é que nesse período tenham sido evitadas cerca de 110 bilhões de ligações, o equivalente a 541 chamadas por habitante. 

Por meio do portal Qual Empresa Me Ligou, o usuário pode identificar o CNPJ e a Razão Social de números de telefone cujo titular seja pessoa jurídica.

Fonte: EBC GERAL

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Ministro da Justiça suspende policial que ensinou tortura em curso

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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, aplicou uma pena de suspensão, de 90 dias, ao agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Ronaldo Bandeira, que aparece em um vídeo mostrando como fazer tortura usando spray de pimenta em viaturas da corporação. O vídeo viralizou nas redes sociais no fim do ano passado e o agente foi alvo de processo administrativo disciplinar, que chegou a recomendar sua demissão do cargo público, o que acabou não sendo acatado pelo ministro.

Nas imagens que tiveram grande repercussão, Bandeira ministrava aula em um cursinho e detalhava uma abordagem que teria ocorrido com outros policiais. Na gravação, ele relata uma situação de prisão com resistência na qual o suspeito estava na parte de trás da viatura. Em seguida, o agente diz: “O quê que ‘o polícia’ faz? Abre um pouquinho, pega o spray de pimenta e taca! A pessoa fica mansinha”. Ele chega a afastar o microfone, que estava gravando, ao mencionar o uso do spray. O policial rodoviário ainda fala, no vídeo, com ironia, que o procedimento seria tortura. 

A gravação do vídeo, que teria ocorrido em 2016, veio à tona depois que Genivaldo de Jesus Santos foi morto durante ação de policiais rodoviários federais em Sergipe, em 2022.

Imagens veiculadas na internet mostram a ação policial que prendeu Genivaldo no porta-malas de uma viatura após ele trafegar de moto sem capacete em uma rodovia.

Publicada em edição regular do Diário Oficial da União (DOU) da última segunda-feira (22), a portaria que determina a suspensão diz que o policial cometeu infração disciplinar prevista regime jurídico dos servidores públicos civis da União, que é a violação do dever de lealdade à instituição Polícia Rodoviária Federal.

Fonte: EBC GERAL

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Justiça libera assinatura de concessão para Trem Intercidades em SP

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O Tribunal de Justiça de São Paulo acatou recurso da Fazenda Pública do estado e autorizou a continuidade do processo de concessão do Trem Intercidades (TIC) Eixo Norte, que ligará os municípios de Jundiaí e Campinas à capital paulista. O andamento tinha sido suspenso por decisão liminar na última quarta-feira (24). 

Na decisão que derrubou a liminar, a desembargadora Maria Laura Tavares destacou a necessidade de aguardar as manifestações do governo de São Paulo na ação. No recurso apresentado ao TJ-SP, a  Procuradoria Geral do Estado argumentou que as alegações de supostas irregularidades eram frágeis e que o descumprimento do cronograma de concessão provocaria prejuízos diretos tanto aos cofres públicos como à população. 

Após licitação, ficou definido que a C2 Mobilidade Sobre Trilhos é a companhia que irá assumir o serviço. A assinatura do acordo está prevista para maio.

Suspensão 

Na última quarta-feira (24), uma liminar obtida pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de São Paulo (SindPaulista) suspendeu o andamento da concessão. A juíza Simone Casoretti, da 9ª Vara de Fazenda Pública, acolheu o pedido da entidade representativa dos trabalhadores, destacando que a formalização do contrato mediante assinatura dependia da revisão de termos do edital.  

O argumento apresentado pela entidade foi de que faltavam informações em relação às condições de trabalho que os empregados da linha terão. O sindicato da categoria também contestou o fato de a licitação ter combinado dois serviços diferentes – o trem expresso entre São Paulo e Campinas e a linha metropolitana já existente.

A entidade sindical tem um prazo de 15 dias para entrar com recurso, caso queira. O SindPaulista ainda não se manifestou sobre a decisão.

TIC Eixo Norte

O veículo ligará Campinas a São Paulo em 64 minutos, com 15 minutos de intervalo entre os trens e uma parada em Jundiaí. A velocidade média será de 95 quilômetros por hora, podendo chegar a 140 quilômetros por hora em alguns trechos. Cada trem terá uma capacidade de 860 passageiros. A previsão é que o novo sistema de transporte fique pronto em 2031.

Há expectativas, ainda, de que o projeto gere melhorias na Linha 7-Rubi, que já liga São Paulo a Jundiaí, e implemente o Trem Intermetropolitano (TIM) entre Jundiaí e Campinas, linha que terá 44 km de extensão, com paradas em Louveira, Vinhedo e Valinhos. O percurso será feito em 33 minutos. Os trens terão capacidade para até 2.048 passageiros cada. A previsão é que o sistema fique pronto em 2029.

Fonte: EBC GERAL

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