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Acre

Uma política brasileira no comando de Cobija, na Bolívia

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Prefeita de Cobija, capital de Pando (Bolívia), Ana Lúcia, durante entrevista com Nelson Liano Jr. - Foto: Viviane Giroto

Prefeita de Cobija, capital de Pando (Bolívia), Ana Lúcia, durante entrevista com Nelson Liano Jr. – Foto: Viviane Giroto

As mulheres têm feito sucesso na política brasileira. A presidente Dilma (PT),  a ex-senadora acreana Marina Silva (Rede) são alguns exemplos de que o papel de comando político não é mais uma prioridade dos homens. E nós já temos até um exemplo de exportação desse talento político feminino. Esse é o caso de Ana Lúcia Reis, alcadeza de Cobija, capital do departamento de Pando na Bolívia. Nascida há 44 anos nos seringais da fronteira acreana e boliviana, com pai brasileiro e mãe boliviana, Ana Lúcia, teve toda a sua formação cultural no Brasil. Mas ainda adolescente voltou para a região fronteiriça onde abriu uma pousada muito conhecida dos acreanos, o Hotel Asai. Eleita duas vezes deputada federal por Pando e uma vez alcalde (cargo que equivale a de prefeito), Ana Lúcia é candidata à reeleição, no dia 29 de março. Segundo as pesquisas, está muito a frente do seu adversário e com todas as chances de permanecer mais cinco anos no comando de Cobija.

Nessa entrevista exclusiva ao AC24horas, Ana Lúcia, fala um pouco da sua experiência na política boliviana. O que pretende fazer nos próximos cinco anos no município de fronteira e a sua visão da política nacional boliviana. Vale lembrar que num dos departamentos onde a oposição ao presidente Evo Morales é muito forte, Ana Lúcia foi uma das suas primeiras aliadas políticas. Na terceira reeleição, no ano passado, Evo conseguiu vencer pela primeira vez em Pando. O sucesso da gestão de Ana Lúcia ajudou muito ao presidente boliviano.

aC24horas – Depois de quase cinco anos administrando Cobija, quais foram as suas principais realizações como alcadeza?

Ana Lúcia – Nesses quase cinco anos de trabalho descobri que Cobija praticamente não tem um sistema de água potável e nem de esgotamento sanitário. Então nós iniciamos há um ano um projeto de mais de 30 milhões de dólares para solucionar os problemas de saneamento básico do nosso município. Isso quer dizer que qualquer pessoa em Cobija dentro de dois anos e meios vai abrir a torneira e beber uma água saudável e segura. Não teremos mais o problema de cavar poços contaminados pelas fossas sanitárias. Também realizei projetos importantes nas vias da cidade como a Avenida Internacional que nos une ao Brasil e representa a nossa primeira imagem aos visitantes. Hoje temos uma avenida moderna com iluminação de led. Inclusive somos a única cidade boliviana que tem esse tipo de iluminação moderna numa via que está ajardinada e com área de estacionamento. Fizemos ainda intervenções no prado da Avenida Pando, onde aflora uma jardinagem e espaços culturais à população. Além disso, conseguimos montar um sistema de transporte gratuito para os nossos estudantes e uma empresa de alimentos para garantir a merenda escolar de qualidade. Essas obras somada a pavimentação de vias que ligam o centro aos bairros tiveram um impacto positivo junto à população de Cobija.

aC24horasA gente têm a impressão que a limpeza de Cobija melhorou bastante durante a sua gestão.

Ana Lúcia – Realmente a cada dia estamos avançando na limpeza urbana e na jardinagem de espaços públicos que melhora a qualidade de vida das pessoas. Isso está mudando a imagem da nossa cidade. Queremos fazer de Cobija uma capital ecológica utilizando todo o potencial natural que temos na nossa região de Pando. Inclusive, a nossa política de tratamento de resíduos sólidos do lixo foi aproveitado do projeto de Rio Branco. O ex-prefeito Raimundo Angelim (PT) colaborou bastante para que pudéssemos copiar esse modelo.

aC24horas Por que a senhora resolveu concorrer novamente para alcadeza?

Ana Lúcia – Um mandato não é suficiente para a conclusão das obras. Por exemplo, para termos água potável será preciso mais de três anos de empenho da gestão. A minha reeleição será a garantia de que essas obras que estamos executando sejam concluídas com qualidade. Acho que se vier uma nova autoridade não estará de acordo com os projetos que estamos implementando.

aC24horas – A Bolívia recentemente reelegeu pela terceira vez o presidente Evo Morales. No departamento de Pando, o Evo eleitoralmente nunca foi muito bem. A senhora foi eleita com o apoio dele. Isso ajudou na vitória de Evo em Pando?

Ana Lúcia – Eu fui a primeira deputada federal eleita por Pando com o apoio do presidente. Naquela época era muito difícil, porque o partido do presidente, o MAIS, quase não tinha adeptos em Pando. Mas o partido foi crescendo graças ao investimento que o Governo de Evo Morales faz por aqui. Por exemplo, o presidente vem pessoalmente três ou quatro vezes por mês para acompanhar o andamento dos projetos. Isso nunca tinha acontecido. Atualmente em qualquer comunidade de Pando se tem telefone, energia elétrica e água tratada. Nem em sonho a gente pensava que isso iria acontecer. Melhoria das estradas, investimento em novas escolas e hospitais que estão equipados. Portanto, foi uma mudança radical em Pando principalmente nos últimos quatro anos. Logicamente que o presidente tendo aliados no Governo de Pando e na prefeitura de Cobija ajuda. Mas acho que o que realmente ajudou a melhorar a votação do presidente foi esse investimento maciço na região.

aC24horas- Em Pando tem um personagem político importante. Dom Leopoldo Fernandes que encontra-se em prisão domiciliar em La Paz. Qual a imagem que se tem dele na região? Ele ainda é um adversário político forte?

Ana Lúcia – Dom Leopoldo faz parte da nossa vida política. Tanto que na eleição, mesmo sem ser candidato, as fotos dele estavam ao lado dos principais opositores que concorriam. Não podemos dizer que Dom Leopoldo não tenha mais espaço político em Pando. Obviamente que ele tem uma força política em Pando, mas na última eleição o presidente Evo demonstrou que com todo o seu trabalho e investimento a sua popularidade está aumentando cada vez mais por aqui.

ac24horasNa sua opinião qual é a situação política atual da Bolívia. A gente sabe que tem o senador, Roger Pinto Molina, exilado no Brasil. A senhora acha que se tem liberdade na Bolívia para se fazer política democrática?

Ana Lúcia – Na Bolívia nós temos toda a liberdade de expressão e democrática. O problema desse senador, que é muito amigo e uma pessoa muito boa, são políticas e jurídicas de uma área que eu nem posso opinar porque estão num outro nível de entendimento. Mas aqui temos liberdade para fazer política.

aC24horas A senhora não acha que um terceiro mandato do presidente Evo Morales caracteriza autoritarismo? Mesmo porque a Bolívia passou por vários problemas com ditaduras.

Ana Lúcia- Realmente tivemos várias ditaduras ao longo da nossa história. Só que pela primeira vez a Bolívia elegeu um presidente com uma votação acima de 50% . E nessa terceira vez o presidente Evo Morales foi eleito com uma votação popular acima de 60%. A Bolívia agora é um país democrático onde todos têm o direito de escolher quem quer para governar. Os votos do nosso presidente são democráticos e isso vai ficar marcado para o resto da nossa história. Esse seria o último mandato de Evo pela nossa nova constituição.a

aC24horasEntão quer dizer que o Evo Morales não pode mais ser candidato?

Ana Lúcia – Só se tiver algum tipo de mudança. Pode ser que no futuro possa acontecer um referendo ou um plebiscito onde o povo poderá votar se gostaria de ter a continuidade do presidente. Mas isso é apenas uma opinião minha. Estou dizendo que isso pode acontecer. Mas não é que já está dito e nem que está se comentando essa possibilidade.

ac24horasParece que apesar da proximidade o Acre e Pando não se misturam. Na Bolívia existe um grande mercado consumidor assim como no Brasil Por que não acontece uma integração efetiva entre o Acre e Pando?

Ana Lúcia – A economia do Brasil é muito forte porque existem muitas leis protecionistas. Para entrar um produto importado no Brasil os impostos são muito altos. Para um produto da Bolívia entrar no Brasil é complicado. Mas todos os produtos do Brasil são vendidos na Bolívia. E aqui na nossa Zona Franca de Cobija entram praticamente sem impostos. Como temos poucas indústrias nacionais temos que manter as nossas portas abertas para os produtos de fora. Mas gostaríamos de ter uma conexão muito mais direta entre Acre e Pando onde nossos produtos possam ser vendidos sem tantos impostos. Poderíamos estar vendendo alguns produtos nossos agrícolas para o Acre já que 95% do que consumimos vem do Brasil.


Entrevista à Nelson Liano Jr. – Foto: Viviane Giroto

Fonte: ac24horas

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Professores da Ufac rejeitam proposta do Governo Federal e discussão sobre greve é antecipada

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Após rejeição de docentes, discussão foi adiada para a próxima segunda-feira (29)

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Acre

Acre já registra mais de mil casos de malária em 2024

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Equipe técnica da Sesacre já está traçando uma visita técnica em conjunto com o Programa Nacional de Controle Malária do Ministério da Saúde Foto: Arquivo

No Dia Mundial da Luta Contra a Malária, celebrado em todo o mundo nesta quinta-feira, 25, dados registrados pela Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) revelam que, em 2022, foram notificados 6.139 casos da doença e, em 2023, 5.204 casos, o que representa uma redução de 15,2% das ocorrências no estado.

De acordo com o Departamento de Vigilância em Saúde da Sesacre, os municípios com maior incidência da enfermidade se encontram no Vale do Juruá: Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima e Rodrigues Alves. Nos três primeiros meses de 2024, foram confirmados 1.042 casos. Desses, 95,3% foram registrados nesses municípios.

O Acre está entre os estados com as maiores taxas da doença, representando 3,9% do total de número de casos de malária registrados na região amazônica em 2023. “Por isso, o Estado aderiu ao Plano Nacional de Eliminação da Malária, que prevê a extinção da doença no território brasileiro até 2035”, declarou o chefe da Divisão de Vigilância Ambiental em Saúde da Sesacre, Júnior Pinheiro.

Apesar de potencialmente fatal, a malária é uma doença curável e evitável. É causada por parasitas inoculados por meio da picada de fêmeas do mosquito Anopheles infectadas, também conhecidos como mosquito-prego. Existem cinco espécies de parasitas que causam malária em humanos; entre elas, o Plasmodium falciparum e o Plasmodium vivax representam a maior ameaça.

Sintomas

Os sintomas mais comuns são: calafrios, febre alta (no início contínua e depois com frequência de três em três dias), dores de cabeça e musculares, taquicardia (aumento dos batimentos cardíacos), aumento do baço e, por vezes, delírios. No caso de infecção por Plasmodium falciparum, também existe uma chance em dez de se desenvolver o que se chama de malária cerebral, responsável por cerca de 80% dos casos letais da doença. Além dos sintomas correntes, aparece ligeira rigidez na nuca, perturbações sensoriais, desorientação, sonolência ou excitação, convulsões, vômitos e dores de cabeça, podendo o paciente chegar ao coma.

Transmissão

O protozoário é transmitido ao homem pelo sangue, geralmente pela picada da fêmea do mosquito Anopheles infectada por Plasmodium ou, mais raramente, por outro tipo de meio que coloque o sangue de uma pessoa infectada em contato com o de outra sadia, como ocorre no compartilhamento de seringas (comum no caso de usuários de drogas), transfusão de sangue ou da mãe para o feto, na gravidez.

Tratamento

Em geral, após a confirmação da malária, o paciente recebe tratamento em regime ambulatorial, com medicamentos que são fornecidos gratuitamente em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Somente os casos graves devem receber hospitalização imediata.

O tratamento indicado depende de alguns fatores, como a espécie do protozoário infectante, a idade do paciente e condições associadas, como gravidez e outros problemas de saúde, além do nível de gravidade da doença.

Prevenção

Medidas de prevenção individual: uso de mosquiteiros impregnados ou não com inseticidas, roupas que protejam pernas e braços, uso de repelentes e telas em portas e janelas.

Medidas de prevenção coletiva: drenagem, obras de saneamento para eliminação de criadouros do vetor, aterros, limpeza das margens dos criadouros, modificação do fluxo da água, controle da vegetação aquática, melhoria da moradia e das condições de trabalho e uso racional da terra.

Fontes:

Fundação Oswaldo Cruz

Ministério da Saúde. Saúde de A a Z

Organização Mundial da Saúde

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Prefeito participa do Fórum Norte e Nordeste da Indústria da Construção, em Rio Branco

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O prefeito de Rio Branco participou, nesta quinta-feira (25),do Fórum Norte e Nordeste da Indústria da Construção, que é realizado no auditório da Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac). O encontro reúne especialistas do setor, autoridades políticas e empresários, onde são discutidos propostas para o avanço da construção civil nessas regiões. O evento ocorrerá durante dois dias na capital acreana.

No primeiro dia foram abordados temas relacionados aos desafios enfrentados pelo setor, a importância da construção civil para a primeira infância, as articulações entre o governo federal e as secretarias de habitação dos estados, além de destacar o papel do Acre na integração regional com os países vizinhos e o apoio do Sebrae para aumentar a produtividade do setor.

“Estamos reunidos num grande debate sobre como desenvolver a região Norte-Nordeste. A engenharia está presente através dos presidentes dos CREAs, dos estados da região norte-nordeste, que juntamente com a Federação Nacional da Indústria da Construção estão aqui nesse debate de trazer a discussão, identificar os desafios e propor as melhores soluções para o desenvolvimento dessas duas regiões, com a participação da prefeitura, grandes obras que trazem melhorias para a nossa população, na infraestrutura, na mobilidade e na habitação também”, explicou a presidente do CREA/AC.

Bocalom: “A construção civil gera grande número de empregos” (Foto: Evandro Derze/Assecom)

O prefeito de Rio Branco falou sobre a importância do Fórum na capital e lembrou do avanço da construção civil nos últimos três anos.

“Aqui em Rio Branco, a construção civil, as empresas da construção civil, estão felicíssimas pelo trabalho que a prefeitura vem fazendo, pelas gerações de oportunidades que a Prefeitura de Rio Branco vem criando, com tantas obras que nós estamos lançando e continuamos lançando de construção civil aqui. Sabemos que a construção civil é onde gera o maior número de empregos e principalmente empregos onde as pessoas não têm muita qualificação técnica. Então, isso é muito importante, porque significa que as pessoas podem levar o dinheirinho para casa para comprar a sua comida e botar na mesa, com dignidade.”

O presidente do CREA da Paraíba Renan Guimarães, falou da importância da troca de experiência entre os participantes do evento.

“O Fórum Norte-Nordeste veio realmente para ficar. Acredito que ele vai elevar a construção civil em todos esses estados e aí consequentemente nós vamos ter frutos, no futuro, que vão alavancar a engenharia e toda essa construção a qual rege economicamente nosso setor. É uma troca de ideias, de experiência. É poder trazer a realidade de cada estado. Uma pauta única. Então é muito importante agregar esse valor e esse conhecimento.”

Fonte: Prefeitura de Rio Branco – AC

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